Crítica de Sileno Guedes ocorre após protesto de ocupantes do antigo Colégio Americano Batista; parlamentar afirma que imóveis estão sem projetos definidos
por Cynara Maíra
Publicado em 03/09/2025, às 11h13 - Atualizado às 11h50
Após um protesto de integrantes de movimentos por moradia interditar a Avenida Agamenon Magalhães, na terça-feira (02), o deputado estadual Sileno Guedes (PSB) fez críticas às ações de desapropriações da gestão Raquel Lyra (PSD).
Para o parlamentar da oposição, o Governo de Pernambuco "está mais para uma imobiliária do que para um Poder Executivo" . Segundo Sileno, Raquel adquire imóveis de alto valor sem apresentar projetos concretos para os locais.
Em seu pronunciamento na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), Sileno Guedes citou que o terreno do antigo colégio foi desapropriado por R$ 80 milhões em fevereiro de 2023 , com a promessa de se transformar em um centro educacional, mas até o momento nenhum projeto ou licitação foi lançado.
O deputado citou ainda o caso do terreno destinado ao novo Hospital Getúlio Vargas e a recente desapropriação do centro de logística dos Correios, na Avenida Abdias de Carvalho, por R$ 99 milhões.
"A desapropriação está vindo antes de os projetos serem concebidos. A gente fica perplexo com a falta de planejamento das coisas", criticou Guedes.
O parlamentar do PSB também lamentou a ausência de diálogo do governo com os movimentos sociais que ocupam o imóvel do Colégio Americano Batista desde o início de agosto.
A manifestação que motivou o debate teve início pouco depois do meio-dia, com queima de pneus e entulhos nos dois sentidos da Agamenon Magalhães, na altura do Derby. A via foi liberada pouco após as 13h, segundo a Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU).
Em nota, a Companhia Estadual de Habitação e Obras (Cehab) informou que o imóvel foi adquirido com recursos do Fundo Nacional de Educação e, por lei, "será obrigatoriamente destinado à instalação de uma instituição de ensino".
O governo estadual também afirmou ter acordado com os manifestantes, em reunião no dia 15 de agosto, a desocupação voluntária do local até o dia 4 de setembro. Um cadastro socioeconômico dos ocupantes foi concluído pela Cehab e apresentado ao Ministério Público "para subsidiar a busca por alternativas habitacionais e sociais".
O Movimento de Luta por Teto, Terra e Trabalho (MLTT), que organiza a Ocupação Papa Francisco, classifica a postura da gestão estadual como "autoritária e intransigente".
Davi Lira, um dos organizadores do protesto, afirmou que a governadora "quer despejar 900 famílias de um prédio ocupado". Em nota, o MLTT fala em mais de 450 famílias instaladas no local, que estaria abandonado há anos, sem cumprir função social.
"O povo ocupa porque o governo abandona!", diz o texto do movimento. O MLTT pede a suspensão de qualquer ordem de despejo e convoca a sociedade para apoiar a causa, inclusive com doações de alimentos para a cozinha coletiva montada no antigo colégio.