Após críticas de Thiago Medina sobre parceria com PCR, Associação de Profissionais do Sexo se pronuncia

Thiago Medina criticou a presença da Associação Pernambucana das Profissionais do Sexo em uma policlínica da Prefeitura do Recife, APPS responde crítica

Cynara Maíra

por Cynara Maíra

Publicado em 15/07/2025, às 09h49 - Atualizado às 10h42

Thiago Medina criticou PCR por ceder espaço para associação - Câmara do Recife
Thiago Medina criticou PCR por ceder espaço para associação - Câmara do Recife

A Associação Pernambucana das Profissionais do Sexo (APPS) se pronunciou na segunda-feira (15) após críticas do vereador Thiago Medina (PL), que classificou como “vergonhosa” a cessão de espaço público à entidade em uma unidade de saúde da Prefeitura do Recife.

Em vídeo publicado nas redes sociais, Medina afirmou que o município estaria “financiando prostituição com dinheiro do pagador de imposto”.

A crítica foi feita após o vereador visitar a Policlínica Centro, localizada na área central da cidade, onde funciona, há mais de duas décadas, a sede da associação.

Ele apontou que o local, cedido pela prefeitura, deveria ser priorizado para o atendimento da população geral e acusou a entidade de atuar com fins políticos. “Isso aqui é um escárnio. Vamos tomar todas as ações legais para entender desde quando isso acontece, porque isso acontece e quem faz parte disso”, declarou.

Em resposta, a APPS divulgou um vídeo e um comunicado oficial rebatendo as acusações. A entidade afirma que atua no espaço há 23 anos com reconhecimento institucional em nível municipal, estadual e federal, e que suas atividades se concentram em ações educativas, de prevenção e promoção da saúde sexual e reprodutiva.

“A afirmação de que estamos financiando prostituição é equivocada e desonesta. Prostituição não é crime no Brasil, e o trabalho que realizamos é reconhecido pelo Ministério da Saúde, Ministério Público e organismos internacionais”, diz trecho do vídeo publicado pela associação.

A entidade reforça que o espaço cedido é utilizado para oficinas, distribuição de insumos como preservativos e autotestes, além de articulações para garantir acesso a direitos básicos. “É um espaço seguro e estratégico, principalmente para as pessoas que evitam ir aos postos convencionais por medo de discriminação”, afirma.

Sobre o uso de recursos públicos, a APPS respondeu que trabalhadoras sexuais também são pagadoras de impostos e têm direito a acessar serviços públicos de saúde, como qualquer outro cidadão.

O SUS é para todas as pessoas. Saúde pública não é recompensa para quem paga mais. É um direito universal garantido pela Constituição”, completou a associação.

A APPS também criticou a postura do vereador ao sugerir que a entidade serve a interesses políticos. “O que fazemos é construir alianças legítimas com parlamentares e gestores comprometidos com os direitos humanos. Isso não é uso indevido. É participação democrática ativa e deveria ser incentivada, não criminalizada”, afirma.

Ao final da nota, a associação classificou as falas de Medina como “preconceituosas” e “irresponsáveis”, e defendeu que o papel do parlamentar deveria ser o de fiscalizar políticas públicas com base em dados, combater fake news e contribuir para o fortalecimento de ações inclusivas de saúde.