Lei sancionada pelo presidente em exercício, Geraldo Alckmin, oficializa a homenagem ao arcebispo emérito de Olinda e Recife no Livro da Pátria
por Plantão Jamildo.com
Publicado em 29/10/2025, às 11h52
Dom Hélder passa a integrar o Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria.
A lei foi sancionada por Geraldo Alckmin e publicada no DOU.
Arcebispo teve atuação reconhecida na defesa dos direitos humanos.
O livro fica em exposição permanente no Panteão da Pátria, em Brasília.
Bispo emérito de Olinda e Recife e figura central na defesa dos direitos humanos no País, Dom Hélder Camara passou a integrar oficialmente o Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria. A inclusão foi formalizada pela Lei nº 15.242, sancionada pelo presidente em exercício, Geraldo Alckmin, e publicada no Diário Oficial da União desta quarta-feira (29).
Cearense de Fortaleza, onde nasceu em 7 de fevereiro de 1909, Dom Hélder foi um dos fundadores da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e atuou de forma destacada no enfrentamento ao regime militar. Conhecido como “Dom da Paz”, teve trajetória marcada pela atuação em defesa dos mais pobres e da justiça social, consolidando projeção nacional e internacional.
Nos anos 1990, lançou a campanha “Ano 2000 Sem Miséria”, iniciativa que buscava mobilização ampla contra a fome e a pobreza estrutural. Dom Hélder morreu no Recife, em 27 de agosto de 1999, aos 90 anos, e foi sepultado na Catedral da Sé, em Olinda.
O ex-arcebispo de Olinda e Recife, Dom Hélder Camara, poderia ter sido o primeiro brasileiro a vencer o prêmio Nobel da Paz, no início dos anos 1970, não fosse a intervenção do governo militar do general Emílio Garrastazu Médici, que impediu as três tentativas de indicações.
Um dossiê revelado pela Comissão Estadual da Memória e Verdade, que leva o nome do religioso, reúne diversas correspondências trocadas por autoridades entre os anos de 1970 e 1973. De acordo com o coordenador da comissão, Fernando Coelho, Dom Helder apresentava todos os pré-requisitos para ganhar a premiação devido a sua atuação humanitária e contrária à ditadura. Porém, ganhar o prêmio daria uma grande visibilidade para os problemas que o Brasil vivia como torturas e perseguições a quem era oposição.
Padre Júlio Lancelotti esteve no Recife recentemente e comentou que a trajetória de Dom Hélder se destacou pela coerência ética e pela recusa em instrumentalizar a fé. “Dom Hélder nunca manipulou o sentimento religioso das pessoas. Dom Paulo nunca fez isso, Santa Dulce não fez”, afirmou.
Em suas lembranças, ele destacou ainda a projeção internacional do arcebispo. “Dom Hélder foi muito conhecido na Europa toda, amigo do Papa Paulo VI, que tinha um carinho muito grande por Dom Hélder”, disse.
O Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria foi instituído em 1992 e reúne nomes e breves biografias gravados em páginas de aço. O acervo fica exposto no Panteão da Pátria, na Praça dos Três Poderes, em Brasília, e pode ser visitado pelo público.
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