Festival de Inverno de Garanhuns: 32ª edição supera edições anteriores sem participação do governo

Sem espaço, o governo Raquel Lyra criou um festival "Pernambuco Meu País" para chamar de seu e concorrer com o tradicional FIG de Garanhuns

Yan Lucca

por Yan Lucca

Publicado em 30/07/2024, às 12h21

FIG - Festival de Inverno de Garanhuns - Foto: Ailton Vieira & Hilton Marques (Secom/PMG)
FIG - Festival de Inverno de Garanhuns - Foto: Ailton Vieira & Hilton Marques (Secom/PMG)

O protagonismo do Festival de Inverno de Garanhuns (FIG) desde o ano passado foi motivo de impasse entre o executivo municipal de Garanhuns e o Estado. Com a edição 31ª em 2023 bastante criticada por sua programação artística e organização, o município decidiu tomar a frente da organização do Festival.

O socialista Sivaldo Albino (PSB), prefeito da cidade, assumiu o protagonismo quando ainda no início do ano antecipou a participação de alguns artistas na mais tradicional festa do agreste pernambucano, deixando o governo de fora das decisões.

A Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), presidida por Renata Borba, viu a atitude do prefeito como "frustrante" para as negociações que estavam tentando viabilizar a cooperação do Estado. Na época, até o Conselho Estadual de Política Cultural (CEPC-PE) se pronunciou.

A entidade disse que recebeu a notícia de que a gestão Lyra não iria participar da organização do festival com “surpresa, frustração e incertezas”, afirmando que seria “usurpação do bem público” o protagonismo não ser do Estado.

“O CEPC faz um apelo à governadora Raquel Lyra e ao prefeito Sivaldo Albino para que cheguem a um acordo para o bem dos fazedores de cultura, para o bem do Patrimônio Cultural pernambucano e para o bem da cultura do nosso Estado”, dizia a nota divulgada à época.

Raquel cria um festival para chamar de seu

 Raquel Lyra ao lado do prefeito de Garanhuns, Sivaldo Albino
Raquel Lyra ao lado do prefeito de Garanhuns, Sivaldo Albino (PSB) - Foto: Hesíodo Goes / Secom

Diante da frustração do Estado, surgiu o festival "Pernambuco Meu País". Mesmo com a Raquel Lyra (PSDB) negando a criação do festival como resposta ou até mesmo "retaliação" ao prefeito de Garanhuns, a não inclusão da cidade de Garanhuns no circuito do novo festival foi um indicativo do mal-estar.

Outro ponto é que o festival de Raquel aconteceu em paralelo com o FIG, o que não passou batido para alguns internautas.

"Ótima iniciativa, brilhante! Mas claramente uma tentativa de boicote ao FIG que é o festival tão importante não apenas para Garanhuns, impacta diretamente em todas as cidades circunvizinhas! Custava ser em uma data posterior ao FIG?", questionou um seguidor da conta oficial do festival de Raquel nas redes sociais.

O novo festival de Raquel contemplou, de forma itinerante, as cidades de Caruaru, Bezerros, Gravatá, Taquaritinga do Norte, Arcoverde, Buíque e Triunfo.

32º edição do FIG contou com mais de 500 atrações

Foto de três músicos. Ao centro está o cantor Jota Quest
O encerramento do FIG ocorreu no sábado (27) - Foto: Ailton Vieira & Hilton Marques (Secom/PMG)

Pela primeira vez realizado pela prefeitura, o mais tradicional festival do agreste pernambucano foi prestigiado por mais de 1,8 milhão de pessoas que passaram pela "Suíça Pernambucana".

O festival multicultural, considerado o maior da América Latina, contou com mais de 500 atrações de diversas linguagens artísticas e culturais em seus 18 dias de programação.

O encerramento do Palco Mestre Dominguinhos no FIG, na noite de sábado (27), reuniu nomes da música nacional e uma multidão que assistiu aos shows de Jam 212, Martins, Anavitória, Zélia Duncan e Jota Quest.

Ao longo de 13 noites, o polo principal do FIG recebeu milhares de pessoas. 

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