Estudo da PwC mostra avanço da IA no mercado de trabalho, com crescimento em setores como agro, varejo e serviços financeiros
por Ana Luiza Melo
Publicado em 07/07/2025, às 13h59 - Atualizado às 14h18
O número de vagas de emprego que exigem conhecimentos em inteligência artificial (IA) no Brasil passou de 19 mil, em 2021, para 73 mil em 2024 — um crescimento de quase 284% em apenas três anos. Os dados são do Barômetro Global de Empregos em IA 2025, elaborado pela consultoria PwC, com base em quase um bilhão de anúncios de emprego em seis continentes.
Além do avanço nas contratações, a pesquisa indica que os salários em cargos com IA crescem duas vezes mais rápido do que os de funções que não utilizam a tecnologia. No recorte global, o bônus médio em empregos com IA saltou de 25% para 56% entre 2023 e 2024.
No Brasil, o estudo aponta um fenômeno distinto do padrão global: o crescimento de vagas mesmo em funções altamente automatizáveis. "Isso indica que a IA está sendo usada para aumentar a produtividade, não apenas para substituir pessoas", afirma Camila Cinquetti, sócia da PwC Brasil.
O agronegócio lidera o avanço da IA no mercado de trabalho brasileiro, com crescimento de 600% nas vagas “aumentadas” (em que a IA apoia, mas não substitui o trabalho humano) e de 400% nas vagas “automatizadas” (com tarefas executadas por IA).
Já o setor de atacado e varejo teve aumento de 300% nas vagas automatizadas, puxado por soluções de e-commerce e atendimento automatizado ao consumidor.
Desde a popularização da IA generativa, a produtividade disparou nos setores mais expostos à tecnologia, como serviços financeiros. Segundo o estudo, a taxa de crescimento da produtividade nesses setores saltou de 7% (entre 2018 e 2022) para 27% (entre 2018 e 2024). Em contraste, áreas menos expostas, como hotelaria e mineração, registraram queda nesse indicador.
A pesquisa também destaca uma transformação nos critérios de contratação. A exigência de diploma formal está caindo mais rapidamente nas vagas com IA: de 66% para 59% nas “aumentadas” e de 53% para 44% nas “automatizadas”, entre 2019 e 2024.
Além disso, as habilidades técnicas e comportamentais exigidas estão mudando 66% mais rápido do que nas ocupações tradicionais. “As empresas que investem no desenvolvimento dos profissionais para operar com IA têm mais chances de gerar valor, explorar novos mercados e criar fluxos de receita”, afirma Camila Cinquetti.
Embora o estudo seja nacional e global, os dados podem servir de alerta para estados como Pernambuco, onde setores como agronegócio no Sertão, varejo e serviços financeiros no Recife também começam a experimentar uma transição digital. A adoção estratégica da IA pode ser uma alavanca para aumento de produtividade e geração de empregos qualificados na economia local.