Edifício Holiday vai ao leilão nesta quinta (30); economistas esperam especulação, moradores indenização

O Edifício Holiday entrará em leilão online nesta quinta (30). Economistas esperam que venda de imóvel amplie a especulação imobiliária no Recife

Cynara Maíra

por Cynara Maíra

Publicado em 30/01/2025, às 06h44

Edificio Holiday será leiloado hoje - Divulgação
Edificio Holiday será leiloado hoje - Divulgação

Um dos marcos arquitetônicos de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, o Edifício Holiday será leiloado nesta quinta-feira (30).

Previsto para começar às 11h em formato online, o lance inicial foi fixado em R$ 35,7 milhões, mas, caso não haja compradores, um novo leilão será realizado em 20 de fevereiro, com valor reduzido para R$ 21,4 milhões.

Quase seis anos interditado por irregularidades, a venda do edifício é recebida de maneira distinta entre os grupos envolvidos. 

Enquanto economistas esperam que a venda aumente a especulação imobiliária no Recife, os antigos moradores do local temem que o valor que irão receber não cubra os danos acumulados ao longo dos anos. 

Exigências para quem comprar o Holiday

Aquele que arrematar o edifício precisará cumprir regras determinadas pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE). A principal regra é manter a estrutura do prédio, sem possibilidade de demolição. Outras são: 

  • Arcar completamente com as reformas de recuperação do imóvel, respeitando o Plano Diretor do Recife e preservando elementos arquitetônicos originais, como:
    • Janelas em fita
    • Volumes geométricos
    • Cobogós na fachada
  • As despesas não poderão ser abatidas no valor de compra do imóvel

Moradores temem demora em pagamento

Antes do valor recebido pela compra chegar aos ex-proprietários dos imóveis no Holiday, a quantia precisará ser usada para quitar dívidas anteriores do edifício, como: 

  • Dívidas trabalhistas
  • Tributos pendentes
  • Contas de concessionárias
  • Despesas administrativas

Quando esses recursos forem pagos, o restante será dividido entre os proprietários anteriores que comprovarem a posse dos imóveis. 

A principal preocupação dos antigos moradores é sobre o tempo que será necessário para receber indenizações e o valor distribuído. Como o prédio ficou abandonado por seis anos, grande parte deles precisou gastar com outras moradias. 

Outro ponto que gera dúvidas é a diferença entre o valor inicial do primeiro leilão (R$ 35,7 milhões) e o da segunda chamada (R$ 21,4 milhões). A redução pode impactar diretamente os valores que os moradores irão receber.

O TJPE esclareceu, em nota, que a redução segue o Código de Processo Civil, com o objetivo de atrair compradores na segunda chamada. Sobre a divisão do montante arrecadado, a Justiça informou apenas que “se houver saldo restante, será repassado aos proprietários que comprovarem a propriedade dos apartamentos”, sem detalhar os critérios exatos da partilha.

Futuro do Holiday

Economistas avaliam que a venda do Holiday pode atrair investidores interessados na valorização imobiliária da região, mas a obrigação de preservar a estrutura pode limitar o interesse do mercado.

Especialistas também apontam que a necessidade de recuperação completa do prédio pode elevar os custos para o arrematante, reduzindo a margem de lucro.

A saga sobre a desocupação e leilão do Edifício Holiday

Construído em 1956, o Holiday foi interditado e evacuado em março de 2019, após laudos apontarem risco máximo de incêndio e graves problemas estruturais.

Com 476 apartamentos e 17 lojas comerciais, o prédio abrigava cerca de três mil pessoas que, muito rapidamente, tiveram que deixar seus imóveis.

Desde então, o edifício foi alvo de vandalismo, depredação e roubo de materiais, o que piorou a deteorização do local.

O leilão, que deveria ter ocorrido em maio de 2023, foi suspenso a pedido da Defensoria Pública de Pernambuco, sob alegação de possíveis prejuízos aos ex-moradores. A Justiça, no entanto, autorizou a retomada do processo em novembro do mesmo ano, impondo restrições ao futuro comprador.

@blogdojamildo