Brasil desigual: 1% mais rico concentra 37% da riqueza declarada

Relatório da Fazenda mostra forte concentração de renda, queda de alíquotas efetivas para mais ricos e menor média anual entre mulheres negras

Plantão Jamildo.com

por Plantão Jamildo.com

Publicado em 01/12/2025, às 18h24

Cédula de dinheiro
Cédula de dinheiro - Marcello Casal Jr/Agência Brasil/Arquivo

1% mais rico concentrou 37,3% da riqueza declarada no Imposto de Renda de 2023.

Alíquota efetiva diminui nos estratos mais altos, chegando a 4,6% no topo.

Renda isenta é composta majoritariamente por lucros e dividendos.

Mulheres negras registram a menor renda média anual segundo dados da PNADC.

Dados divulgados nesta segunda-feira (1º) pelo Ministério da Fazenda mostram que a concentração de riqueza segue elevada no país. O Relatório da Distribuição Pessoal da Renda e da Riqueza da População Brasileira, elaborado com base nas declarações de Imposto de Renda de 2023, indica que o 1% mais rico deteve 37,3% da riqueza registrada no período.

Outro recorte do estudo aponta que os 10% mais ricos concentraram 64,2% da renda declarada em 2023. Mais da metade desse total está nas mãos do grupo que compõe o 1% do topo da pirâmide. A Secretaria de Política Econômica (SPE) também avaliou a carga tributária efetiva paga pelos declarantes e constatou redução da alíquota média conforme aumenta a renda. O percentual chega a 12% entre os 93% mais ricos e recua até 4,6% no grupo que representa o 0,01% com maior rendimento.

A SPE analisou ainda a composição da renda isenta de Imposto de Renda. Segundo o relatório, 34,9% desse montante corresponde a lucros e dividendos, seguido por 18,7% de outros rendimentos isentos. Papéis como Letras de Crédito Rural e Imobiliário foram classificados na categoria de rendimentos de poupança, que responderam por 5,7% da renda isenta em 2023.

A subsecretária de Política Fiscal da SPE, Débora Freire, afirmou que o avanço na revisão de benefícios tributários é fundamental para enfrentar desigualdades. “Sabemos de toda a questão dos benefícios tributários, do crescimento desses benefícios, do tamanho que isso se tornou e da fragilidade da governança que a gente tem hoje com os benefícios fiscais. Essa agenda do corte de benefícios tributários, que está ainda em discussão, é importantíssima que avance”, disse.

Raça e gênero

O governo também utilizou estimativas da PNADC Contínua Anual para avaliar a renda da população além do universo de declarantes do Imposto de Renda. A partir desse recorte, o estudo aponta que mulheres negras registraram a menor média anual de renda do país, em torno de R$ 20 mil.

A renda média nacional ficou próxima de R$ 40 mil. Homens negros também estão abaixo da média, enquanto mulheres brancas se aproximam do valor médio. Homens brancos superam com folga esse patamar, ultrapassando R$ 60 mil anuais.

A participação das mulheres negras na renda total é maior entre os 10% mais pobres, onde respondem por 39,8% do montante. No grupo dos 10% mais ricos, essa presença cai para 9,4%. Já os homens brancos representam 42,2% da renda no topo da pirâmide e 10,3% entre os mais pobres.