Após cinco fiscalizações, CPRH descarta mortes de cavalos-marinhos e tartarugas por conta de dragagem em Suape

CPRH faz vistorias ambientais de rotina e 5 fiscalizações afastaram denúncias sem comprovação técnica em redes sociais de mortes de cavalos-marinhos

Jamildo Melo

por Jamildo Melo

Publicado em 04/11/2025, às 10h46 - Atualizado às 11h08

Suposta ligação entre dragagem em Suape e mortes de animais marinhos apareceram em vídeos nas redes sociais, mas CPRH fez vistorias e descartou conexão
Suposta ligação entre dragagem em Suape e mortes de animais marinhos apareceram em vídeos nas redes sociais, mas CPRH fez vistorias e descartou conexão - Divulgação

A Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) informou, ao site Jamildo.com, nesta terça-feira, que descartou qualquer relação entre a dragagem do canal interno do Porto de Suape e supostas mortes de cavalos-marinhos, de outras espécies de peixes e de tartarugas.

De acordo com o órgão, a constatação foi tecnicamente respaldada após cinco minuciosas vistorias realizadas ora com as dragas em operação, ora paralisadas, em vários trechos dos Rios Tatuoca, Massangana, além da área portuária onde ocorre a obra.

A agência de meio ambiente explicou que também é referendado por escutas realizadas com as associações de pescadores, moradores da região e mergulhadores profissionais do atracadouro.

Toda a documentação relacionada às vistorias vai ser encaminhada pela agência ambiental para o Ministério Público Federal (MPF).

No começo do ano, conforme registramos com exclusividade, o MPF inocentou SUAPE por ataques de tubarões e arquivou inquérito. 

Segundo o governo, as denúncias das supostas mortes, não confirmadas, circulam em vídeos de redes sociais, tentando associar tais episódios às obras de dragagem do atracadouro, que teve início em 29 de agosto deste ano, para remoção de mais de 4 milhões de metros cúbicos de sedimentos.

A última fiscalização ambiental, comandada pela CPRH, aconteceu na sexta-feira (31), mas não foi constatado nenhum problema.

A vistoria, com 12 profissionais, aconteceu com as dragas paradas e na maré baixa, e não encontrou animal morto nem indícios visuais de alteração na qualidade da água ou qualquer outra anormalidade associada.

Um dado curioso sobre a falsa polêmica é que, embora os vídeos que circulam em redes sociais tenham sido produzidos por supostos pescadores, nenhuma das três entidades que representam o setor pesqueiro local – Colônia Z-8, Associação Pescadores e Pescadoras Profissionais em Atividade no Cabo de Santo Agostinho e Associação Quilombola Ilha de Mercês - respaldou qualquer denúncia nem realizou qualquer registro na CPRH ou na Diretoria de Sustentabilidade de Suape em relação à morte de peixes.

O presidente da Colônia Z-8, Lailson Evangelista de Souza, informou às autoridades que, até o momento, não foi observado nada do que circula em redes sociais.

“Não tenho nenhum conhecimento sobre morte de peixes, de cavalos-marinhos ou de tartarugas. A gente pede aos pescadores para observar e nos repassar algum problema. Eles filmam e mandam para mim, mas isso não aconteceu”, ressaltou.

O porto de Suape completou que implementou, sem exigência legal, um plano de assistência aos pescadores com um aporte mensal de R$ 831.864,00, durante o período da obra de dragagem.

Pescadores e pescadoras indicados pelas três associações estão recebendo auxílio financeiro e cesta de alimentos, como medida de boa prática e responsabilidade social até o final dos serviços, previstos para serem encerrados em janeiro de 2026.

A ajuda financeira de Suape contempla 548 trabalhadores, sendo 260 da Colônia Z-8; 238 da Associação Pescadores e Pescadoras Profissionais em Atividade no Cabo de Santo Agostinho; e 50 da Associação Quilombola Ilha de Mercês.

LICENÇAS

Nesta terça-feira, o diretor de Sustentabilidade de Suape, Carlos Cavalcanti, informou que os laudos da CPRH confirmam o zelo da estatal portuária pela sustentabilidade e o trabalho sério e responsável que é realizado no complexo há 47 anos.

Segundo o órgão, as obras de dragagem, como as que ocorrem no porto atualmente, são precedidas de amplo e rigoroso processo de licenciamento e autorizações ambientais, que exigem fiscalização sistemática.

“Foi elaborado o Plano de Gestão da Qualidade Ambiental (PGQA), aprovado e acompanhado de forma contínua pela CPRH, que reúne 15 Programas Ambientais e 14 condicionantes voltadas ao controle, prevenção e mitigação de possíveis impactos da obra de dragagem”, afirmou

O diretor ressaltou ainda que o que se observou em campo foi uma situação sem qualquer nexo com o que vem sendo divulgado em redes sociais. Carlos Cavalcanti informou que o controle ambiental da área é complementado sistematicamente por relatórios enviados pelas empresas contratadas para a execução da dragagem.

A dragagem está sendo executada pelo consórcio Van Oord/Jan De Nul, vencedor da licitação, com utilização de dragas de última geração equipadas com sistemas de baixa emissão de CO2, rastreamento via satélite e sensores em tempo real, que garantem o rigor técnico, eficiência energética e a precisão das operações.

A embarcação dispõe de fiscais a bordo e a própria tripulação ajuda no monitoramento de fauna. O custo da dragagem é de R$ 217 milhões, sendo R$ 117 milhões de recursos próprios e R$ 100 milhões do Ministério de Portos e Aeroportos, por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 3).

PRÊMIOS E PESQUISAS

Suape destacou que preza pelo meio ambiente e conquistou prêmios internacionais pelo trabalho na área de sustentabilidade. Também investe em pesquisas. Teve parceria recente com o Instituto Hippocampus, que estuda cavalos-marinhos, e o projeto Megamar, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), que analisou a fauna marinha no porto. Respectivamente, cada projeto recebeu aporte financeiro de R$ 300 mil e R$ 1,4 milhão.