Brasil reduz pobreza e extrema pobreza ao menor nível da série histórica, diz IBGE

Relatório mostra redução da pobreza, avanço no Índice de Gini e impacto de programas sociais, com diferenças marcantes entre gênero, raça e regiões

Plantão Jamildo.com

por Plantão Jamildo.com

Publicado em 03/12/2025, às 14h14

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Confira os resultados do relatório - Foto: Paulo Pinto / Agência Brasil

Pobreza e extrema pobreza caem ao menor nível da série iniciada em 2012.

Programas de transferência de renda evitam aumento da vulnerabilidade social.

Nordeste registra maior queda proporcional e Sul mantém menor taxa de pobreza.

Desigualdades persistem entre raça, gênero e grupos etários, apesar da melhora geral.

Síntese dos Indicadores Sociais (SIS) divulgada pelo IBGE nesta quarta-feira (3) mostra que 8,6 milhões de pessoas deixaram a pobreza entre 2023 e 2024. No mesmo período, 1,9 milhão saíram da extrema pobreza. O levantamento aponta impacto direto de programas de transferência de renda, como Bolsa Família e Benefício de Prestação Continuada (BPC), aliado à melhora gradual do mercado de trabalho.

O estudo registra que a proporção de pessoas em situação de pobreza caiu de 27,3% em 2023 para 23,1% em 2024 — menor índice desde o início da série, em 2012. No ano passado, 48,9 milhões de brasileiros viviam com menos de US$ 6,85 por dia, linha definida pelo Banco Mundial. Em 2023, o contingente era de 57,6 milhões. O recuo marca o terceiro ano consecutivo de redução, após o pico de 36,8% da população em 2021, no período da pandemia.

A extrema pobreza, calculada a partir do limite de US$ 2,15 por dia, também diminuiu: de 9,3 milhões em 2023 para 7,4 milhões em 2024. A proporção caiu de 4,4% para 3,5%, o menor patamar da série. Segundo o IBGE, sem os programas sociais, a extrema pobreza chegaria a 10% da população e a pobreza avançaria para 28,7%.

Regionalmente, o Nordeste apresentou a queda mais expressiva, passando de 47,2% para 39,4% de sua população em condição de pobreza. O Sul manteve o menor percentual do país, com 11,2% em 2024.

Desigualdades persistem entre raça, gênero e rendimento

Dados mostram diferenças significativas entre grupos sociais. A pobreza ainda atinge mais mulheres (24%) do que homens (22,2%). Entre mulheres pretas ou pardas, os índices de pobreza e extrema pobreza chegaram a 30,4% e 4,5%, enquanto entre homens brancos os percentuais foram de 14,7% e 2,2%. Pessoas pretas e pardas representam 56,8% da população e 71,3% dos pobres.

O recorte por idade revela que crianças e adolescentes seguem mais vulneráveis: 39,7% eram pobres e 5,6% estavam em extrema pobreza. Entre idosos, esses índices caem para 8,3% e 1,9%, respectivamente. Em exercício hipotético, o IBGE estima que, sem benefícios previdenciários, a extrema pobreza entre pessoas com 60 anos ou mais subiria para 35,4%.

O estudo também atualiza o Índice de Gini, que mede desigualdade. Em 2024, o indicador caiu para 0,504, menor valor desde 2012. Sem programas sociais, seria 0,542. A desigualdade se mostra mais forte entre trabalhadores informais: um em cada cinco ocupados sem carteira assinada estava na pobreza, contra 6,7% entre empregados formais.