Menor nível de pobreza e extrema pobreza no Brasil desde 2012 é destaque no relatório do IBGE; confira os resultados
por Yan Lucca
Publicado em 04/12/2024, às 12h58 - Atualizado às 13h33
O Brasil registrou, em 2023, o menor nível de pobreza e extrema pobreza desde 2012. Dados da Síntese de Indicadores Sociais, divulgados nesta quarta-feira (4) pelo IBGE, mostram que o percentual da população com rendimento domiciliar per capita abaixo da linha de pobreza caiu de 31,6% em 2022 para 27,4% em 2023, representando o menor índice em mais de uma década.
Numericamente, essa queda significa que o contingente de pessoas abaixo da linha de pobreza passou de 67,7 milhões para 59 milhões, uma redução de 8,7 milhões de pessoas.
O levantamento adota a linha de pobreza do Banco Mundial, definida como US$ 6,85 por dia (PPC) ou R$ 665 mensais.
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A proporção de pessoas na extrema pobreza — com rendimento domiciliar per capita inferior a US$ 2,15 por dia ou R$ 209 por mês — também registrou o menor nível desde 2012. O índice caiu de 5,9% para 4,4% entre 2022 e 2023, totalizando 3,1 milhões de pessoas que saíram dessa condição. Pela primeira vez, o percentual ficou abaixo de 5%, correspondendo a 9,5 milhões de brasileiros.
Os programas sociais foram determinantes para evitar um aumento expressivo na pobreza e na extrema pobreza. Sem esses benefícios, a extrema pobreza teria saltado para 11,2%, enquanto a pobreza subiria para 32,4%.
“O impacto dos programas sociais foi decisivo para impedir a piora nos indicadores de desigualdade”, explica André Simões, integrante da equipe responsável pela pesquisa.
O Índice de Gini — que mede a desigualdade de renda — manteve-se estável em 2023, com o mesmo valor de 2022 (0,518). A renda apropriada pelos 10% mais ricos do país continuou sendo 3,6 vezes maior do que a dos 40% mais pobres, reforçando a permanência de desigualdades estruturais. Sem os benefícios sociais, o Gini teria subido para 0,555.
A ocupação foi um fator-chave para reduzir a pobreza. Entre as pessoas empregadas, menos de 1% estavam na extrema pobreza, enquanto entre os desempregados o índice chegou a 14,6%.
Outro dado positivo foi a redução do número de jovens de 15 a 29 anos que não estudam nem trabalham. Em 2023, o Brasil alcançou o menor índice da série histórica, com 10,3 milhões de jovens (21,2%) nessa situação.
No entanto, as desigualdades persistem: quase metade dos jovens nos 10% de domicílios com menor renda estavam fora da escola e do mercado de trabalho, enquanto entre os 10% mais ricos, essa proporção foi de apenas 6,6%.
O relatório também apontou disparidades de renda por raça e gênero. Em 2023, o rendimento médio por hora trabalhada dos brancos (R$ 23,02) foi 67,7% maior do que o de pretos e pardos (R$ 13,73). A diferença se manteve mesmo entre pessoas com nível superior, onde o rendimento dos brancos foi 43,2% maior.
As mulheres também enfrentaram desigualdade: o rendimento médio por hora trabalhada foi 12,6% inferior ao dos homens, e a disparidade aumentou entre os trabalhadores com ensino superior completo (41,9%).
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