Eleições 2024: Como explicar a larga vantagem de João Campos no Recife

Estratégias e narrativas defasadas afastam a direita da vitória. Confira o balanço prévio deste pleito que explica a larga vantagem de João Campos

Da redação | Publicado em 03/10/2024, às 15h21

Confira as falas de Jamildo Melo na Rádio CBN Recife - Foto: Rodolfo Loepert / Frente Popular do Recife
Confira as falas de Jamildo Melo na Rádio CBN Recife - Foto: Rodolfo Loepert / Frente Popular do Recife

Jamildo Melo para a CBN Recife (105,7 FM) — "Fala, Jamildo" de 03 de outubro de 2024

A campanha eleitoral no Recife, nesta quinta-feira, amanheceu meio morna, porque os candidatos praticamente suspenderam as movimentações para participar do debate da TV Globo, de noite.

Hoje também acaba o guia eleitoral na TV e Rádio, tornando possível fazer um balanço prévio deste pleito, na capital pernambucana. Que estratégias funcionaram? Que estratégias não funcionaram?

Não sou dono da verdade, assim, expresso aqui algumas impressões pessoais.

Primeiro, pelo lado das esquerdas, acredito que João Campos esteja sendo reconhecido pelo trabalho que fez ao longo de quatro anos. Aliás, ele não podia errar.

No caso da oposição, um dos erros é ficar repetindo que o PSB está há 12 anos no Recife. O cidadão não se interessa pelas siglas. Quem se interessa pelas siglas são os políticos.

Depois, João é João. Não é PSB. Os 2,4 milhões de seguidores pelo Brasil no Instagram são a prova cabal desta extrapolação.

É um santo que não precisa de andor, como se dizia antigamente, na política. Não tem nem Lula no guia. Não tem nem PT no guia.

Aliás, a nacionalização do debate é outro erro. Eleição municipal é sobre a cidade. Além disto, criticar Lula no Nordeste é dar murro em ponta de faca.

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Tem mais: fazer dobradinha só com perguntas em um debate eleitoral não adianta, se quiserem tomar o poder de verdade.

Os cientistas são unânimes em afirmar que a evolução só se deu com a cooperação entre grupos, até entre desconhecidos. Por aqui, mais uma vez a direita chega dividida ao pleito, seja por personalismos, seja por interesses partidários divergentes. Ou seja: estão batendo cabeça por conta própria.

Por fim, tem a questão do discurso. Desde sempre, sabe-se que as histórias controlam o mundo. Os historiadores nos mostram que os homens mudam o modo como se comportam, quando são mudadas as histórias em que acreditam.

Assim, a direita no Recife precisa reinventar suas narrativas. Agora não vão conseguir fazer isto com sucesso em um mês de guia eleitoral. Se insistir nestes tipos de equívocos, nem em mil anos vai colher resultados satisfatórios diferentes.

Tanto é assim que a rejeição dos principais opositores só fez crescer desde o início do guia. A direita precisa contar outras histórias no Recife. Talvez, menos Boa Viagem, que não precisa de creches, e mais Ibura e Casa Amarela.

Ouça o "Fala, Jamildo" desta quinta-feira (03) na Rádio CBN Recife - 107,5 FM

@blogdojamildo