A estreia do documentário acontece nesta quinta-feira (11), às 19h, na Escola Técnica Estadual João Bezerra, em Brasília Teimosa
por Clara Nilo
Publicado em 10/09/2025, às 10h19 - Atualizado às 10h36
Nesta quinta-feira (11), a comunidade de Brasília Teimosa, na Zona Sul do Recife, será palco do lançamento do documentário Frutos do Mar – Tradição Culinária, Memória e Resistência na Brasília Teimosa. A exibição é gratuita e aberta ao público.
Dirigido e roteirizado por Mônica Jácome, o filme reúne depoimentos de pescadores, marisqueiras, cozinheiras, comerciantes, educadores e crianças, revelando a riqueza cultural e gastronômica do bairro e a luta dos moradores frente à especulação imobiliária. Com 25 minutos de duração, a obra parte da ideia de que os habitantes de Brasília Teimosa são os mais aptos para contar a história do local.
O documentário mostra como a culinária local nasceu da fusão entre três matrizes: o mar, o mangue e a caatinga. A tradição tem raízes na migração de famílias sertanejas que, fugindo das secas nas décadas de 1930 e 1950, ergueram palafitas no antigo Areal Novo. Com elas, chegaram pratos de carne como buchada, sarapatel e carne-de-sol, que se somaram à pesca artesanal e à mariscagem para formar uma identidade gastronômica única.
O filme retrata histórias de resistência transmitidas de geração em geração, como a do Bar do Cabo, fundado por migrantes e hoje referência em frutos do mar, e do Império dos Camarões, criado por “Seu Zezinho” e atualmente mantido pelo neto. Também ganham destaque figuras como Dona Lêu, marisqueira, e Seu Neno, pescador e liderança comunitária.
Educadores sociais também são personagens centrais da obra, como Taciana Melo e Dandara Martins, que desenvolvem projetos de educação ambiental e cultural, a exemplo do Maracatu Nação Erê, primeiro grupo infantil de baque virado do estado, que completa 30 anos em 2025.
Para Mônica Jácome, a proposta é dar voz à própria comunidade. “[A intenção] foi construir uma narrativa em que os moradores dissessem ao poder público e à sociedade por que é fundamental valorizar e salvaguardar sua cultura alimentar e suas práticas de vida”, afirmou ela.
O filme foi realizado pela Gato de Gengibre – Pesquisa e Produção Cultural, com produção associada da Janela – Gestão de Projetos, das produtoras Fernanda Ferrário e Dida Maia, e contou com recursos do edital Ações Criativas para o Audiovisual – Produção, via Lei Paulo Gustavo, executado pelo Governo de Pernambuco.