Cynara Maíra | Publicado em 03/02/2025, às 09h31
Após episódios de violência nas ruas do Recife, ocorridos no sábado (1º) nas imediações do clássico entre Sport e Santa Cruz, as autoridades de Pernambuco tentam adotar medidas para conter a escalada dos confrontos entre torcidas organizadas.
Em resposta aos incidentes, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) recomendou, por meio de sua unidade de defesa do torcedor, que os próximos jogos envolvendo os dois clubes sejam realizados sem a presença de público.
Na mesma direção, o Governo do Estado determinou a publicação de uma portaria que suspende a entrada de torcedores nos cinco próximos jogos das equipes.
Apesar de seguir os direcionamentos do Ministério Público, a medida de Raquel Lyra (PSDB) não agradou a todos. O deputado estadual e líder da oposição na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), Diogo Moraes (PSB), criticou a decisão da governadora ao afirmar que a ação seria "ineficaz".
Em suas declarações, Moraes afirmou que a proibição de torcedores nos estádios penaliza os verdadeiros torcedores, que se deslocam com suas famílias para prestigiar os jogos.
"A decisão atinge quem vai ao estádio com a família, enquanto as torcidas organizadas continuarão a agir fora dos recintos. O problema não se resolve apenas retirando o público dos estádios; ele está enraizado nas ruas, onde o Estado precisa agir com estratégia e inteligência", argumentou o deputado.
Moraes também questionou a declaração do secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho, que negou qualquer falha no policiamento. Segundo o parlamentar, as ruas foram transformadas em “campos de batalha”, o que considera uma prova da falta de ação preventiva por parte das autoridades.
Durante a partida, cenas registradas nas redes sociais mostraram confrontos violentos que resultaram na internação de 12 pessoas no Hospital da Restauração, enquanto 14 indivíduos foram detidos em operações de segurança.
Em reunião no Centro Integrado de Comando e Controle Estadual (CICCE), a governadora Raquel Lyra enfatizou a gravidade do ocorrido e a necessidade de ações imediatas.
"Vimos hoje, no Recife, cenas lamentáveis de selvageria que não representam o sentimento de quem ama o esporte. Não podemos tolerar atitudes criminosas que colocam em risco a integridade dos torcedores", declarou.
A recomendação do MPPE, fundamentada na Lei Geral do Esporte, determina que os jogos sejam realizados sem público até que seja apresentado um plano de segurança detalhado, com a implantação de medidas como o cadastro de acesso com identificação facial e o reforço do monitoramento policial.
"É necessário estabelecer critérios rigorosos para o retorno do público, que inclua a validação de um plano de segurança pelos órgãos competentes", destacou o procurador-geral de Justiça, José Paulo Xavier.
A decisão do governo, que se aplica exclusivamente aos próximos cinco jogos dos clubes, surge em meio a um clima de tensão e debates sobre a segurança em eventos esportivos no estado.
Enquanto as medidas buscam reduzir o risco de novos episódios de violência, críticos apontam para a necessidade de ações mais amplas que atuem nas ruas e nos pontos de concentração dos torcedores.
As investigações sobre os incidentes seguem em andamento, e as autoridades afirmam que novas medidas poderão ser adotadas conforme o desenrolar dos fatos.
O cenário permanece em aberto, com a expectativa de que os próximos dias tragam esclarecimentos adicionais e a efetivação de soluções que atendam tanto à segurança pública quanto ao direito dos torcedores de frequentar os estádios.
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