Cynara Maíra | Publicado em 25/04/2025, às 12h07
Após ser reeleito líder do Partido Verde (PV) na Câmara dos Deputados na quarta-feira (23), o deputado federal de Pernambuco Clodoaldo Magalhães se reuniu com a ministra de Relações Institucionais e ex-presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e a governadora do Estado Raquel Lyra (PSD).
Partido membro da Federação Brasil da Esperança, composta pela legenda de Clodoaldo, PT e PCdoB, o PV é a única legenda do grupo em Pernambuco diretamente alinhado com a gestão de Raquel, enquanto o grupo majoritário dos demais partidos é próximo do PSB de João Campos.
Com esse encontro, a possibilidade de que o presidente Lula (PT) tenha um palanque duplo na eleição de 2026 parece mais forte.
Isso porque, apesar do PV não seguir diretamente o apoio do restante da federação, Gleisi Hoffmann deseja não só manter a federação entre PT, PCdoB e PV, como também ampliar para outros partidos.
Nesse caso, talvez a federação de Lula estivesse dividida entre apoio ao nome de João Campos e o de Raquel Lyra. Até porque o apoio ao prefeito do Recife nas eleições de 2026 não é unânime dentro da sigla de Lula e Gleisi.
A ideia defendida por alguns grupos dentro do Partido dos Trabalhadores é de que o presidente deve apoiar tanto João Campos quanto Raquel Lyra na eleição para o Governo de Pernambuco, como forma de usar dois cabos eleitorais para defender a sua reeleição.
O deputado estadual e ex-prefeito do Recife, João Paulo (PT), defendeu esse raciocínio na semana passada, durante sua participação no PodJá - O Podcast do Jamildo.
Segundo o parlamentar, o foco do PT deve ser reeleger Lula e para isso, deve subir nos palanques de todos que o apoiam.
“Acho que 2026 nosso projeto estratégico é eleger Lula. O ideal é que nós tenhamos dois palanques aqui e eu vou acompanhar o que o partido decidir”, afirmou em entrevista para o PodJá. Confira abaixo toda entrevista com o parlamentar:
João Paulo compõe uma das alas do PT mais próximo da governadora Raquel Lyra e contrário à aproximação com o PSB, principalmente após João Campos conceder o cargo de vice para Victor Marques, que se filiou ao PCdoB.
A ideia de palanque duplo segue a lógica das eleições de 2006, quando o presidente Lula, concorrendo ao seu segundo mandato, apoiou tanto Humberto Costa (PT) quanto Eduardo Campos (PSB), dividindo o palanque juntos.
O objetivo de Luiz Inácio na época era manter as alianças com ambas as legendas, fundamentais para sua base política.
Apesar de esse ser o “cenário ideal” para Lula conciliar sua aliança com o PSB e com a governadora Raquel Lyra, a maioria das lideranças políticas consideram que o presidente não terá esse posicionamento.
Isso porque o PSD, legenda no qual a governadora se filiou, tem planos de lançar um candidato próprio para Presidência. Mesmo que Raquel decida apoiar o petista nas eleições, seria difícil para Lula não priorizar os socialistas, legenda que tem a vice-presidência e deve apoiar amplamente a reeleição do presidente em 2026.
O que poderá acontecer, é o cenário semelhante ao de 2022, quando Marília Arraes (Solidariedade) defendia Lula como candidato à presidente, enquanto o político precisava compor chapa com Danilo Cabral (PSB), já que a então deputada não fazia parte de sua coligação no estado.
Com a ida ao segundo turno entre Marília e Raquel, Lula conseguiu convencer parte do PSB a apoiar o nome da neta de Arraes e subiu no palanque da candidata.
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