Plantão Jamildo.com | Publicado em 18/05/2025, às 08h31
A bancada do PT no Senado articula apoio à criação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investigará fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A expectativa é de que a definição formal da estratégia ocorra até a próxima terça-feira (20), em reunião interna da bancada. A posição majoritária entre os parlamentares é de que o partido deve participar da comissão com protagonismo, visando assegurar a condução dos trabalhos de forma alinhada ao governo federal.
A movimentação busca evitar que a CPMI se transforme em um instrumento de desgaste para a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A intenção é utilizar a comissão como espaço para reforçar a narrativa de que o atual governo atuou no desmonte de um esquema de fraudes que teria se iniciado durante o governo anterior, do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Em declaração ao Jamildo.com, a senadora Teresa Leitão (PT-PE) afirmou que o partido não vê a investigação como uma ameaça. “O PT não teme, em absoluto, a instalação de uma CPMI sobre o INSS. Pelo contrário: é essencial destacar que as fraudes começaram no governo Bolsonaro e foram desmanteladas no governo Lula”, disse. A parlamentar ressaltou ainda que a comissão deve ser instalada para esclarecer os fatos, “e não para se transformar em um palanque político ou em mero espetáculo midiático”.
A fala da senadora petista representa uma tentativa de neutralizar a oposição, que pressiona pela instalação da CPMI como forma de responsabilizar o governo Lula 3. O partido avalia que, com uma atuação coordenada, a comissão pode funcionar como um instrumento de controle de danos e de exposição da atuação corretiva da atual gestão.
Nos bastidores, a comparação é com a CPMI dos Atos Golpistas de 8 de janeiro de 2023. Na ocasião, o governo conseguiu garantir aliados na Mesa Diretora, como o senador Cid Gomes (PSB) na vice-presidência e a senadora Eliziane Gama (PSD), como neutralidade, na relatoria da comissão, o que permitiu maior controle sobre os rumos da comunicação política em torno do tema. A ideia, agora, é adotar a mesma lógica para garantir que a CPMI do INSS não se torne um vetor de instabilidade política.
O senador Fabiano Contarato (PT-ES) foi o primeiro a se manifestar publicamente a favor da CPMI, em movimento considerado precipitado, mas que, segundo interlocutores, não destoou da avaliação interna da legenda. A manifestação reforçou o entendimento de que o apoio à instalação da comissão deve ser construído com alinhamento estratégico.
Além de decidir sobre a posição formal da bancada, o PT também discute nos bastidores a disputa por cargos de comando na CPMI.
A instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito depende do presidente do Congresso, o senador Davi Alcomumbre (União Brasil), que estava na comitiva do presidente Lula na Rússia e na China.
A senadora Teresa Leitão (PT) se manifestou publicamente em defesa da instalação da CPMI, afirmando que a investigação pode evidenciar que as fraudes no INSS tiveram início no governo anterior e vêm sendo combatidas pela atual gestão.
Já o senador Humberto Costa (PT) disse ser contra em recente entrevista, mas a expectativa é de que siga o posicionamento majoritário da bancada do partido, que tende a apoiar a criação da comissão.
O senador Fernando Dueire (MDB), por sua vez, disse estar avaliando o assunto com cautela. Ele afirmou que comissões parlamentares de inquérito costumam “desencadear mais pirotecnia do que resoluções efetivas”.
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