Plantão Jamildo.com | Publicado em 20/04/2025, às 12h08
As recentes críticas do deputado estadual João Paulo (PT) à concessão de parques públicos à iniciativa privada pela Prefeitura do Recife, durante entrevista ao PodJá, no último sábado (19), abriram uma nova frente de desgaste interno no Partido dos Trabalhadores em Pernambuco.
Em reserva, um dirigente PT afirmou ao Jamildo.com que o ex-prefeito tem agido movido por ressentimento, após perder o posto de político “mais bem avaliado” da capital pernambucana.
Segundo o correligionário, João Paulo estaria preso a uma visão de cidade marcada por sua própria gestão, encerrada em 2008. “Ele fala como quem ainda vive na gestão exitosa de 20 anos atrás”, diz.
A avaliação é de que a crítica à concessão dos parques — Jaqueira, Santana, Dona Lindu e Apipucos — não ressoa com o sentimento da população. “João Campos foi reeleito com 78% de aprovação. As pessoas não sentem, no dia a dia, os problemas que João Paulo tenta apontar.”
O apoio de João Paulo à governadora Raquel Lyra (PSD) tem causado desconforto entre petistas. A fonte do PT também aponta uma “contradição gigantesca” no posicionamento do deputado. “Como é que ele critica a concessão de parques e, ao mesmo tempo, apoia a governadora Raquel Lyra (PSD), que vai privatizar a água?”
No PodJá, João Paulo foi questionado sobre o assunto e afirma não concordar com a concessão. O petista afirma fazer campanha contra essa parceria público-privado.
Apesar da importância histórica de João Paulo para o partido — foi prefeito do Recife por dois mandatos e liderou o PT no auge de sua influência municipal —, a avaliação entre aliados é que ele não tem conseguido lidar bem com a mudança de protagonismo.
“Ele é uma figura importante na história do Recife e do PT, mas está cheio de ressentimentos. Não aceitou bem perder o posto de mais bem avaliado”, finaliza.
O governo de Pernambuco pretende transferir à iniciativa privada parte dos serviços operacionais da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), mantendo sob controle estatal as etapas de produção e tratamento da água. A medida integra o projeto de concessão parcial da companhia.
A proposta está alinhada às diretrizes do novo Marco Legal do Saneamento, que impõe a meta de universalização dos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário até 2033. O contrato terá validade de 35 anos e prevê cláusulas de desempenho, com possibilidade de sanções e até rescisão em caso de descumprimento de metas.
A Região Metropolitana do Recife permanece fora da modelagem atual por já contar com uma parceria público-privada (PPP) em vigor.
A gestão dos parques da Jaqueira, Santana e de Apipucos, na Zona Norte da cidade; e o Dona Lindu, na Zona Sul no Recife, passou oficialmente para a iniciativa privada em 10 de março, com a entrada em vigor da concessão assinada pela Prefeitura do Recife e pela empresa Viva Parques Recife.
O contrato, firmado após processo licitatório em 2024, prevê um investimento total de R$ 413 milhões ao longo de 30 anos. O modelo garante a operação, manutenção e melhorias nas áreas verdes, sem cobrança de ingresso ou tarifas adicionais para o público.
Os quatro parques contemplados pela concessão somam uma área total de 172,6 mil metros quadrados e permanecem com acesso livre à população.
Hospital Mestre Dominguinhos: deputados comemoram edital publicado pelo governo de Pernambuco
Fusão entre PSDB-Podemos avança e comando em Pernambuco divide aliados de Raquel Lyra e João Campos
No PodJá, João Paulo critica fiscalizações da oposição do Recife nas unidades de saúde: “constrange os trabalhadores”