Plantão Jamildo.com | Publicado em 20/09/2025, às 12h23
Na contramão de parlamentares que recuaram após a pressão nas redes sociais, o deputado Coronel Meira (PL-PE) tem mantido a defesa da PEC da Blindagem, aprovada na última terça-feira (16) pela Câmara dos Deputados. Em vídeo divulgado em suas redes sociais, afirmou: “Eles [STF] não querem que nós políticos tenhamos autonomia de falar, de parlar e votar no que acreditamos e no que vocês acreditam, eles querem manter a faca no pescoço dos deputados e senadores”.
Enquanto nomes como Pedro Campos (PSB) voltaram atrás e pediram desculpas pelo voto, Meira declarou que a aprovação da PEC representa o início de uma “virada de jogo”. O deputado disse ainda que, caso o Senado aprove um pedido de impeachment de ministros do Supremo, pretende apresentar um projeto de lei para extinguir o foro privilegiado. Segundo ele, seria para assegurar que “políticos tenham os mesmos direitos de qualquer cidadão brasileiro”.
A PEC, conhecida também como das Prerrogativas, foi aprovada em dois turnos na Câmara. No primeiro, recebeu 353 votos a favor, 134 contra e uma abstenção. No segundo, foram 344 favoráveis e 133 contrários. O texto altera o artigo 53 da Constituição e retoma pontos afastados pela Emenda Constitucional 35/2001, como a exigência de licença prévia da Casa legislativa para que parlamentares possam ser processados criminalmente, além de prever voto secreto em casos de prisão em flagrante por crime inafiançável e estender foro ao STF para presidentes de partidos políticos com representação no Congresso.
A mobilização nas redes sociais contra a proposta envolveu artistas e entidades da sociedade civil e levou deputados de diferentes correntes políticas a mudarem de posição. A deputada Silvye Alves (União-GO) disse que vai deixar seu partido devido à polêmica da votação. Em um vídeo publicado no Instagram, a parlamentar disse que, na primeira votação do tema, se posicionou contra a PEC, mas alegou ter sofrido ameaças de “pessoas influentes” para mudar de posição.
"Votei contra, às 19h. A partir desse momento, comecei a receber muitas ligações de pessoas influentes do Congresso, se é que vocês me entendem. Ligaram dizendo que eu sofreria retaliações", disse a deputada.
Pedro Campos, irmão do prefeito do Recife, João Campos (PSB), alegou que, diante do avanço da pauta na Câmara, o campo progressista optou por “discutir o texto da PEC e tentar tirar os maiores absurdos que ali estavam contidos e buscar um caminho para barrar a anistia e fazer avançar as pautas populares”, conforme explicou em vídeo publicado em seu perfil.
"A PEC passou do jeito que nós não queríamos, inclusive com a manobra para voltar o voto secreto que nós já tínhamos derrubado em votação. Por isso, tenho a humildade de reconhecer que não escolhemos o melhor caminho. E saímos derrotados na votação da PEC e na votação da anistia", disse.
Líder do PSB na casa, o parlamentar assinou como coautor, junto ao deputado Merlong Solano (PT-PI), um mandado de segurança protocolado no Supremo Tribunal Federal (STF) para pedir a anulação da votação.
Levantamento da consultoria Bites mostrou que esse movimento resultou em ganho de espaço para a esquerda no ambiente digital. Foram quase 1,6 milhão de menções à PEC da Blindagem, com maioria do volume da plataforma X.
A análise revelou que a discussão sobre o tema teve domínio da esquerda, porém sem tanto engajamento de perfis que não acompanham política. A Bites aponta que há poucos sinais de que o tema tenha saído da bolha, o que pode ter ocorrido por uma sobreposição da pauta com a aprovação da urgência da tramitação do projeto sobre a anistia.
Levantamento da Quaest também indicam resistência da população. De acordo com a última rodada de pesquisa, 53% dos brasileiros se dizem contrários à PEC, 31% favoráveis e 16% não souberam responder. A rejeição alcança mais de 50% em todas as regiões do país, chegando a 55% no Sudeste.
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