Cynara Maíra | Publicado em 30/10/2024, às 11h12
A partir do fim do segundo turno no último domingo (27), os políticos já voltam seus olhares para o cenário do Legislativo.
Com a eleição da presidência da Câmara dos Deputados marcada para fevereiro de 2025, diversos possíveis candidatos já articulam apoios para definir quem substituirá o atual presidente, deputado Arthur Lira (PP-AL).
Nesse cenário, surgem três nomes para liderar a mesa diretora da Câmara dos Deputados, o deputado paraibano Hugo Motta (Republicanos-PB) e os baianos Antonio Brito (PSD-BA) e Elmar Nascimento (União Brasil-BA).
Arthur Lira, inicialmente, tinha planos de construir uma única chapa forte para assegurar união dentro da Casa do Povo, mas optou por anunciar na terça-feira (29) o apoio ao nome de Hugo Motta entre dois outros candidatos.
Lira justificou o apoio em Hugo pela sua "capacidade de aliar aparentemente antagônicos com diálogo, leveza e altivez".
O atual presidente da Câmara, inclusive, tinha planos de apoiar Marcos Pereira (Republicanos-SP), caso o deputado conseguisse retirar Brito e Nascimento da disputa.
Essa expectativa de Lira não foi alcançada após Gilberto Kassab, presidente do PSD, negar a retirada da candidatura de Brito em favor de Pereira. Nesse contexto, o político do Republicanos desistiu de disputar a presidência da Câmara e se posicionou favorável ao colega de partido, Hugo Motta.
A ideia da indicação de Motta é sua boa relação com deputados do Centrão e baixa resistência entre parlamentares da esquerda. Essa pequena rejeição do nome do paraibano entre membros da esquerda foi uma das maiores razões para que Lira apoiasse seu nome na chapa da mesa diretora.
Jamildo Melo comentou sobre o caso durante o programa "Segunda Chamada" no canal MyNews, confira os comentários:
O deputado Marcos Pereira chegou a dizer na Globonews que o presidente Lula (PT) "deu aval" à candidatura de Hugo, o que facilitaria uma articulação com a base governista.
O candidato para presidência já se reuniu com membros do Partido dos Trabalhadores para indicar que buscará colaborar com a governabilidade de Lula.
Em contrapartida, o PT quer a indicação de Gleisi Hoffmann (PT) para o Tribunal de Contas da União (TCU). Já foi oferecido para legenda o comando da 1ª Secretaria da Câmara em uma possível gestão de Motta.
A vantagem do candidato com o grupo é sua proximidade do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), atuando como articulador do ministro dentro da Câmara.
Apesar da atual proximidade com a bancada, o deputado votou pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff em 2016 e fazia parte da antiga tropa de choque do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha.
Para ser eleito em primeiro turno, o deputado vencedor precisa ter 50% mais um do número total de deputados. Caso não ocorra, os dois candidatos mais votados irão para um segundo turno.
O plano de Arthur Lira é conseguir eleger um sucessor sem grandes "sustos" ou divisões, de forma a provar sua força. O político já liderou a Casa em dois mandatos seguidos e não poderá disputar nova eleição em 2025.
Lira, inclusive, já tem articulado com interlocutores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do presidente Lula. O objetivo do deputado é conseguir seu feito de 2023 e garantir para Motta o apoio dos dois partidos antagônicos.
"Temos a confiança, com as conversas que tivemos, que o PT caminhará conosco nessa disputa. [...] Também acreditamos e confiamos com o apoio do PL", disse Hugo Motta.
Apesar da mobilização de Arthur Lira para conseguir o apoio da esquerda e da direita, os deputados bolsonaristas têm uma condição para endossar o nome do escolhido pelo presidente da Casa.
Os políticos de direita desejam prioridade na discussão do projeto que planeja anistiar os envolvidos nos atos antidemocráticos do 8 de janeiro de 2023. No mesmo dia que declarou o apoio para Motta, Lira determinou a criação de uma comissão especial para analisar a PL da Anistia.
A criação de uma comissão para discutir a PL acaba atrasando a tramitação do projeto, que seria analisado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), atualmente liderada pela deputada Carol De Toni (PL-SP). Com a ação de Lira, o tema não passa mais pelas mãos da parlamentar de oposição.
Com a especulação sobre o tema, o presidente da Câmara afirmou que a Comissão sobre a PL na Anistia não está misturada com as eleições na Casa.
Apesar das articulações de Lira, Elmar e Brito já discutiram uma possível união, para garantir que se apoiarão. Lançará a candidatura o nome que tiver mais deputados ao seu lado para contra-atacar o nome do atual presidente da Câmara.
O PSOL e o Novo também cogitam lançar candidaturas próprias em 2025.