Jamildo Melo | Publicado em 27/12/2024, às 08h59
No programa de Geraldo Freire na CBN Recife, o site Jamildo.com perguntou a governadora Raquel Lyra sobre as regras do leilão da área de distribuição da Compesa para a iniciativa privada.
O BNDES colocou seus estudos em consulta pública e o que se sabe é que pode haver dois leilões, um para os municípios reunidos no interior e outro para a Região Metropolitana do Recife.
O jornalista Jamildo Melo questionou que critério principal iria orientar a venda da área de distribuição, considerando que poderia ser o maior aporte de recursos ou o menor desconto na tarifa para os consumidores finais da estatal.
Depois de citar outras ações na área de recursos hídricos, Raquel Lyra respondeu que a prioridade será a menor tarifa e depois o valor da outorga (direito de explorar a atividade de distribuição mediante uma oferta de recursos financeiros).
Raquel Lyra disse ao blog que a expectativa inicial é de R$ 2 bilhões de partida.
"O Pará também lançou a sua concessão, mas todo mundo fala que a Compesa é a bola da vez", afirmou.
"A taxa de juros nas alturas pode atrapalhar a atração de investimentos, mas nos também sabemos que os fundos de pensão internacionais investem a longo prazo (não vão olhar apenas a taxa de juros de hoje)", observou.
"Os recursos (arrecadados com a venda do setor) serão aplicados exclusivamente para produção de água em Pernambuco", afirmou, frisando que espera algum nível de politização do processo.
Quem acompanha política há mais tempo vai lembrar da sangrenta privatização da Celpe, no governo Miguel Arraes. A ruidosa oposição da época, formada por Jarbas Vasconcelos e Mendonça Filho, atrapalharam e suspenderam a antecipação de parte do produto da venda negociado com o BNDES, no valor de R$ 780 milhões. Jarbas almejava tomar o governo de Arraes e Eduardo Campos e Mendonça virou seu vice.
Arraes deu o troco a FHC e seus aliados no Estado, ao aceitar vender o Bandepe, no final do terceiro ano, e usar os recursos para pagar folhas de pessoal atrasadas.
Para evitar que haja polêmica com os servidores, a governadora Raquel Lyra e os técnicos do governo frisam sempre que a Compesa continuará pública.
No POD Já, o podcast do blog do Jamildo, o deputado federal Pedro Campos, engenheiro da Compesa, já havia comentado que iria acompanhar o processo e que a posição faria questionamentos, se necessário.
Ele pontuou que, da forma que é feita a concessão, o BNDES e os Estado acabam ajudando o setor privado, na medida em que os grupos econômicos ficarão livres de realizar investimentos para a produção de recursos hídricos, obrigação que fica na mão do Estado, da Compesa, com recursos do PAC.
No programa da CBN, a governadora Raquel Lyra se mostrou otimista e comemorou o crescimento do PIB do Estado, na casa dos 4,9% sobre 2023.
Ela citou ainda que, em seu governo, estão sendo investidos cerca de R$ 2 bilhões em obras e que isto vai gerar um ciclo virtuoso na economia como um todo.
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