Relatório do TCE aponta que Câmara de Olinda tem 91% de comissionados

Jamildo Melo | Publicado em 16/09/2025, às 09h43 - Atualizado às 09h50

Documento do TCE recomenda readequação do quadro e revisão das funções para garantir mais transparência e respeito à legislação - Google Street View
COMPARTILHE:

Um relatório de auditoria do Tribunal de Contas do Estado (TCE) revelou um suposto desequilíbrio no quadro de pessoal da Câmara Municipal de Olinda, com um número excessivo de cargos comissionados e atribuições que não se alinham com a legislação.

A auditoria, conduzida entre 2024 e 2025, identificou que 91,73% dos funcionários em fevereiro de 2025 eram ocupantes de cargos comissionados, indicados politicamente, enquanto apenas 8,27% eram servidores efetivos, ou seja, que prestaram concurso público.

Segundo o relatório, o cenário contraria o princípio de que a maioria dos cargos públicos deve ser preenchida por meio de concurso público.

O relatório de auditoria, assinado em abril de 2025, ressalta que a não observância das regras de concurso público pode levar à nulidade dos atos e à punição da autoridade responsável, conforme a Constituição Federal.

Além da desproporção numérica, o relatório do TCE constatou que as atribuições de vários cargos comissionados, como Assessor Legislativo, Assessor Especial e Assessor Administrativo, são de natureza burocrática e operacional, atividades que deveriam ser desempenhadas por servidores efetivos.

O relatório cita jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) que exige que cargos comissionados se restrinjam a funções de direção, chefia e assessoramento, e que as atribuições sejam claramente descritas em lei.

Apesar de a Câmara Municipal de Olinda ter realizado um concurso público em 2024, o relatório aponta que ainda restam 21 cargos efetivos vagos, o que contribui para a manutenção da situação de desproporcionalidade.

Entre os cargos que não foram preenchidos, segundo o relatório, estão vagas para Analista Legislativo (Especialidades: Jurídica, Contabilidade e Controladoria Interna), Técnico Legislativo (Administrativa) e Auxiliar Legislativo (Guarda Legislativo e Administrativa).

Diante das constatações, o relatório do TCE propôs uma série de determinações para a Câmara Municipal de Olinda, como que a Câmara apresente um plano de readequação do quadro de pessoal, um projeto de lei para extinguir os cargos comissionados com atribuições burocráticas e a criação de uma lei que fixe o percentual mínimo de cargos comissionados a serem preenchidos por servidores de carreira.

O processo de auditoria especial ainda não foi julgado pelo TCE. O julgamento, quando ocorrer, caberá a Primeira Câmara do TCE, composta por três conselheiros.

Fica aberto o espaço no site Jamildo.com para a Câmara, caso queira se manifestar sobre o relatório de auditoria do TCE.

TCE Câmara de Olinda comissionados

Leia também

“Olinda nos seus diversos momentos”: livro reúne legado de José Luiz Mota Menezes


Olinda empossa 72 professores e amplia quadro da rede municipal


Mirella Almeida se encontra com Teresa Leitão e Fernando Dueire em busca de investimentos para Olinda