Metroviários vão a Brasília cobrar Governo Lula contra concessões, como a do Metrô Recife

Cynara Maíra | Publicado em 20/06/2025, às 10h34

Metroviários foram até Brasília para pressionar o governo contra concessões do sistema ferroviário - Sindmetro
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Representantes sindicais dos metroviários de todo o país estiveram em Brasília, entre os dias 17 e 19 de junho, em uma articulação nacional para pressionar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a rever o processo de concessão das linhas operadas pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) e pela Trensurb.

A delegação, liderada pela Federação Nacional dos Metroferroviários (Fenametro) e por sindicatos estaduais, reivindica a suspensão imediata das iniciativas de privatização e exige garantias de manutenção dos empregos e da natureza pública do transporte ferroviário.

O movimento ocorre em meio ao avanço das tratativas conduzidas pelo BNDES para transferir à iniciativa privada a operação do Metrô do Recife, que atualmente transporta cerca de 120 mil passageiros por dia. A proposta segue o mesmo modelo aplicado em Belo Horizonte, já entregue à gestão privada.

Durante os três dias em Brasília, os sindicalistas participaram de reuniões com representantes da Casa Civil, dos ministérios do Trabalho, da Gestão e da Inovação, e da Secretaria-Geral da Presidência da República.

Também se reuniram com a direção da CBTU e com o Escritório de Advocacia Garcez, que atua na análise jurídica da Resolução nº 324 do Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (CPPI), a norma que viabiliza a desestatização da empresa federal.

Segundo Luiz Soares, presidente da Fenametro e do Sindmetro-PE, o governo federal está reproduzindo a política de concessão iniciada por Jair Bolsonaro.

Privatizar o metrô é aprofundar os problemas, não resolvê-los. A experiência concreta em outras regiões do país mostra o que isso significa: aumento das tarifas, piora na qualidade do serviço, cortes de linhas e horários menos rentáveis, precarização das condições de trabalho e o desmonte de uma estrutura pública construída ao longo de décadas”, declarou.

A articulação nacional reuniu também representantes sindicais do Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas e Rio Grande do Sul, além de dirigentes da CUT.

Na reunião com o Ministério da Gestão, os sindicalistas criticaram diretamente a parceria entre o governo Lula e a governadora Raquel Lyra (PSD), que prevê a concessão do Metrô do Recife ao setor privado.

O grupo solicitou uma audiência com a ministra Esther Dweck para debater a retomada do texto original do Acordo Coletivo Especial (ACE), que garantiria maior segurança jurídica aos trabalhadores.

Além da defesa da manutenção do sistema sob controle da União, os sindicalistas cobraram medidas como:

Em nota, a Fenametro classificou como contraditória a posição do governo federal. “Nosso compromisso é com os trabalhadores e com a população usuária do metrô, não com medidas que enfraquecem o transporte público e aprofundam as desigualdades sociais. Não seremos correia de transmissão de decisões equivocadas”, reforçou Luiz Soares.

Tensão após aprovação de concessão do Metrô Recife

A tensão entre os metroviários e o governo Lula tem se intensificado após a autorização da concessão do Metrô do Recife. 

Em maio, os trabalhadores declararam estado de greve permanente em Pernambuco e, no mesmo mês, aproveitaram a visita do presidente ao Sertão do Estado para exibir em telões mensagens contrárias à privatização.

A categoria acusa o presidente de romper o compromisso assumido durante a campanha de 2022, quando teria prometido retirar a CBTU do Programa Nacional de Desestatização.

Antes da mobilização em Brasília, os metroviários já tinham participado de uma audiência pública na Câmara Municipal do Recife. 

Os metroviários defendem que a concessão representa risco à continuidade do serviço, especialmente nas áreas periféricas, e poderá elevar as tarifas para a população de baixa renda.

A proposta de concessão inclui a transferência de bens, instalações e imóveis da União ao Estado de Pernambuco, que ficará responsável por outorgar o serviço. Segundo o cronograma do BNDES, a licitação está prevista para ocorrer até o final de 2026.

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