Relatório do TCE aponta superlotação alarmante no sistema penitenciário de Pernambuco
por Jamildo Melo
Publicado em 25/11/2024, às 13h13 - Atualizado às 13h22
Uma auditoria operacional realizada pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) revelou graves deficiências no sistema prisional pernambucano. O estudo abordou questões estruturais, vagas disponíveis, assistência aos reeducandos e ações de ressocialização.
A inspeção foi realizada em 11 unidades prisionais e constatou problemas crônicos, como a má conservação dos prédios, inexistência de sistemas de tratamento de esgoto e paralisações em obras destinadas à ampliação de vagas.
Além disso, houve registro de demora na execução de serviços básicos de manutenção e insuficiência de recursos financeiros para preservar as condições mínimas das instalações.
Outros pontos críticos, segundo o TCE, incluem a escassez de programas de capacitação profissional, baixa oferta de vagas de trabalho para internos e voluntários, e um déficit considerável no quadro de policiais penais.
O relatório do TCE destacou uma situação alarmante de superlotação: há 26.875 detentos ocupando apenas 12.276 vagas, gerando um déficit de 14.599 vagas. Em termos práticos, seria necessário mais que dobrar a capacidade do sistema para atender à demanda atual.
Apenas o Presídio Juiz Antônio Luiz Lins de Barros, o Centro de Saúde Penitenciário e a Penitenciária de Tacaimbó, inaugurada em 2016, apresentam condições menos críticas.
Entre as determinações à Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap), destacam-se Garantir a presença de policiais penais femininas em unidades destinadas a mulheres, conforme a Lei Federal nº 7.210/1984 e fornecer colchões, kits de higiene pessoal e material de limpeza aos detentos, como estabelece a Lei Estadual nº 15.755/2016.
Além disso, a Secretaria de Educação e Esportes (SEE) foi orientada a ajustar o número de professores no programa de remição pela leitura e expandir as vagas e turmas em escolas prisionais, garantindo o acesso à alfabetização e à conclusão do ensino básico para todos os internos.
O relatório do TCE expõe a necessidade urgente de investimentos e ações coordenadas para reverter o cenário caótico das prisões no estado. Ao mesmo tempo, ressalta o caráter pedagógico da auditoria, que busca não apenas identificar falhas, mas promover a eficiência das políticas públicas e a dignidade no cumprimento das penas.
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