O Sinpol divulga balanço das delegacias e diz que documento será enviado a autoridades em maio, destaca falta de estrutura e efetivo nas unidades
por Jamildo Melo
Publicado em 14/02/2025, às 18h00
O Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol) elaborou um dossiê detalhado sobre o atual estado das delegacias e unidades da Polícia Civil no estado.
O documento será encaminhado em maio ao Governo do Estado, Ministério Público de Pernambuco, Assembleia Legislativa e outras autoridades.
De acordo com a entidade, as primeiras vistorias realizadas pelo sindicato revelaram delegacias em condições degradantes que colocam em risco policiais, custodiados e a população.
O Sinpol reclama que os investimentos prometidos pelo programa “Juntos pela Segurança” ainda não chegaram à Polícia Civil.
Depois de visitas às delegacias das cidades da Mata Sul e do Agreste, o sindicato disse que os problemas estão se agravando.
"As unidades policiais carecem de efetivo, estrutura adequada, materiais básicos de escritório, água mineral e produtos de limpeza. Delegacias continuam funcionando em casas alugadas e inadequadas para atividades policiais", afirmam, em informe ao site Jamildo.com.
Na delegacia de Chã Grande parte do teto desabou nas chuvas ocorridas no final de janeiro. De acordo com o Sinpol, há anos a unidade policial funciona de forma improvisada em uma casa antiga. A fiscalização também identificou outros problemas estruturais, como rachaduras nas paredes, fiações expostas, mofo generalizado, goteiras e infiltrações.
Em Amaraji, parte do teto da delegacia corre risco de desabar a qualquer momento. O cômodo utilizado como alojamento dos policiais apresenta mofo, infestações de insetos e muitas infiltrações. E diante das irregularidades alarmantes, do risco de desabamento, o Sinpol requisitou a interdição imediata da unidade.
Na cidade de Primavera, dezenas de motos apreendidas estão jogadas dentro e fora da delegacia. Os veículos estão sucateados, se amontoando e com risco iminente de incêndio, além de servirem como foco para mosquitos e outras pragas.
Em Caruaru, a Delegacia da Mulher não conta com efetivo suficiente, mas mesmo assim policiais estão atendendo outras 11 cidades da região, além de assumirem as atribuições da GPCA (Gerência de Polícia da Criança e do Adolescente) que não existe na cidade.
".. mesmo com a capital do Agreste sendo, em 2024, a cidade do interior com maior número de Crimes Violentos contra o Patrimônio (2.006 registros) e a quinta do Estado, não tem um DEPATRI (Departamento de Crimes Contra o Patrimônio)".
Caruaru não conta com uma unidade do CORE (Coordenadoria de Recursos Especiais), o DRACO (Departamento de Repressão ao Crime Organizado) funciona numa salinha da Delegacia da Mulher e o DENARC (Departamento de Repressão ao Narcotráfico) está largado numa garagem da 1ª delegacia.
"Em 2024, foram registrados 123 homicídios em Caruaru. Já em Campina Grande foram 29 homicídios. Hoje, Campina Grande é considerada a cidade mais segura do Norte e Nordeste do Brasil. Enquanto Caruaru voltou a ser uma das cidades mais violentas da América Latina", comparam.
Em Panelas e Paranatama, o Sinpol constatou os mesmo problemas estruturais, falta de efetivo e casas que não são apropriadas para atividade policial. E a Delegacia da Mulher, em Garanhuns, por falta de efetivo também fecha a noite, feriados e finais de semana.
“Estamos no terceiro ano da atual governadora e a situação da Polícia Civil está piorando em todos os aspectos. O dossiê será uma radiografia atual da Polícia Civil para que o governo e outras autoridades tomem providências diante do caos que estamos encontrando” diz o presidente do Sinpol, Áureo Cisneiros.
"Além dos problemas estruturais e da desvalorização salarial, o efetivo policial está diminuindo, resultando no fechamento de delegacias da mulher à noite, feriados e finais de semana".
Para a entidade, a redução de homicídios em 2024 é atribuída ao sacrifício dos policiais, que estão no limite devido ao aumento nos adoecimentos físicos e mentais.
"O Sinpol cobra que o governo faça sua parte, valorize o trabalho de inteligência e invista na Polícia Civil para resolver os problemas da segurança pública".
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