'Segurança não vai pautar as eleições de 2026', diz Lavareda

Lavareda diz que, apesar da preocupação crescente com violência, segurança não definirá eleição de 2026, dominada por economia e bem-estar social

Jamildo Melo

por Jamildo Melo

Publicado em 02/12/2025, às 10h55 - Atualizado às 11h04

O sociólogo Antônio Lavareda
Lavareda diz que mote da segurança não vai vingar - Divulgação

Antônio Lavareda argumenta que, apesar de a segurança pública aparecer como grande preocupação nas pesquisas, ela não deve definir a eleição presidencial de 2026.

Segundo ele, o tema é percebido pelo eleitor como responsabilidade principalmente dos governos estaduais, não do governo federal.

Por isso, não costuma orientar o voto em disputas nacionais.

Lavareda diz que eleições presidenciais no Brasil são tradicionalmente decididas por economia, renda e bem-estar social.

Ele conclui que a segurança seguirá no debate, mas sem força para pautar o resultado final.

Em artigo publicado na Folha de São Paulo, o cientista político Antônio Lavareda argumenta que, apesar da forte presença do tema segurança pública no debate cotidiano, ele não deve se tornar o eixo central das eleições presidenciais de 2026.

Lavareda sustenta que há uma diferença histórica e estrutural entre a importância do tema para a opinião pública e sua capacidade real de moldar o comportamento eleitoral em disputas federais.

Segundo ele, segurança é um problema percebido como grave — e frequentemente apontado como prioridade pelo eleitor em pesquisas —, mas não costuma definir escolhas presidenciais no Brasil.

O primeiro ponto destacado é que políticas de segurança dependem majoritariamente dos governos estaduais, responsáveis pela Polícia Militar, Polícia Civil e parte substantiva da prevenção e repressão criminal.

Dessa forma, mesmo em momentos de crise, o eleitor tende a atribuir responsabilidade direta aos governadores, e não ao presidente.

Para Lavareda, isso reduz consideravelmente a eficácia de promessas federais sobre segurança, que o eleitor sabe serem limitadas pela divisão de competências.

Outro ponto central do artigo é que disputas presidenciais no Brasil costumam gravitar em torno de questões macroeconômicas e de bem-estar social, como inflação, emprego, renda e programas sociais.

Esses temas, segundo o autor, impactam o cotidiano imediato do eleitor e influenciam diretamente sua sensação de melhora ou piora de vida.

Assim, mesmo que a segurança apareça entre as maiores preocupações, não se converte automaticamente em voto — porque o eleitor avalia que a solução não virá do plano federal.

Lavareda lembra também que, historicamente, nenhum candidato presidencial venceu ou perdeu uma eleição tendo a segurança como bandeira principal.

Mesmo nomes que tentaram nacionalizar o tema — tanto à direita quanto à esquerda — não conseguiram transformar essa agenda em vantagem eleitoral concreta.

Ele ressalta ainda que, em 2026, o debate tende a ser dominado por competência econômica, custo de vida, capacidade de investimento e posicionamentos sobre políticas públicas de amplo alcance, como educação, saúde e infraestrutura.

Por fim, no artigo compartilhado com o site Jamildo.com, o autor conclui que a segurança deve, sim, aparecer nos discursos e estratégias de campanha, mas não terá peso suficiente para definir o rumo da eleição presidencial, pois continua sendo, estruturalmente, um tema de maior impacto em eleições estaduais e municipais, onde o eleitor enxerga a verdadeira capacidade de ação do poder público.