Antonio Lavareda diz que esquerda ganhou fôlego com "enterro" da PEC da Blindagem

Pesquisa divulgada por Antonio Lavareda mostra evolução da popularidade de Lula, ajudado pelos erros da oposição e truculência de Trump com Brasil

Plantão Jamildo.com

por Plantão Jamildo.com

Publicado em 27/09/2025, às 12h29 - Atualizado às 13h07

O sociólogo Antônio Lavareda
Lavareda diz que as manifestações públicas desempenham um papel fundamental na mudança de opinião social e política por diversos motivos - Divulgação

A pesquisa “Pulso Brasil”, realizada pelo instituto Ipespe sob a coordenação do cientista político Antonio Lavareda, revelou um amplo e contundente rechaço da população brasileira à chamada PEC da Blindagem, proposta que buscava impedir que políticos fossem processados sem autorização expressa do Congresso Nacional.

Segundo o levantamento enviado ao site Jamildo.com,  feito com 2,5 mil pessoas entre 19 e 22 de setembro de 2025, 72% dos entrevistados são contrários à proposta, enquanto apenas 22% a apoiam.

Essa rejeição é suprapartidária: 81% dos eleitores de centro, 93% dos de esquerda, e até 51% dos eleitores de direita manifestam-se contra a PEC, evidenciando um forte descontentamento social com essa tentativa de blindagem da classe política.

No que diz respeito ao projeto de anistia para os condenados pela tentativa de golpe no dia 8 de janeiro, a pesquisa mostra um quadro mais dividido.

Enquanto 46% são contra qualquer tipo de anistia, 28% apoiam uma anistia geral e 18% defendem uma anistia parcial para aqueles com menor envolvimento.

A polarização também é visível aqui: 64% dos eleitores que se declaram de direita são favoráveis a uma anistia que beneficie o ex-presidente Jair Bolsonaro, ao passo que 80% da esquerda rejeitam qualquer tipo de anistia, refletindo ainda uma profunda divisão ideológica.

Antonio Lavareda aponta que o amplo rechaço à PEC da Blindagem e a tensão gerada pelo debate sobre a anistia exerceram pressão significativa sobre o Senado, que optou pelo "enterro" da PEC para evitar maiores desgastes políticos.

Ele também destaca que a repercussão desses temas, combinada com o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e a situação das tarifas internacionais impostas por Donald Trump, teve como efeito colateral um crescimento na aprovação do presidente Lula, que atingiu 50% segundo a mesma pesquisa.

Essa reação positiva à figura de Lula foi reforçada por sua atuação internacional, especialmente no seu discurso na Assembleia Geral da ONU, onde defendeu a soberania nacional e abriu canal de diálogo com o próprio Trump, cuja atuação e sanções comerciais continuam impactando o cenário político nacional.

Sobre Donald Trump, ele aparece na pesquisa como um ator externo que influencia a avaliação do governo brasileiro.

As tarifas e sanções impostas por Trump contribuíram para polarizar ainda mais a opinião pública interna e fizeram com que Lula buscasse estreitar uma relação institucional, aproveitando o momento para melhorar sua imagem diante do eleitorado. Essa dinâmica mostra como questões externas, principalmente políticas e econômicas dos EUA, reverberam fortemente no Brasil e nas atitudes dos brasileiros em relação ao seu governo.

Em síntese, a pesquisa coordenada por Antonio Lavareda revela um Brasil dividido e politicamente agitado, com temas como blindagem política e anistia polarizando a opinião pública, mas também um presidente Lula que vem conseguindo recuperar parte do eleitorado diante de múltiplas crises e desafios internos e externos.

O cenário aponta para uma corrida eleitoral de 2026 onde esses assuntos controversos serão decisivos para as estratégias e o posicionamento dos candidatos e partidos políticos.