Pernambuco tem terceiro menor percentual de guardas armadas do país

Levantamento identifica 1.238 guardas em atividade no país, com expansão no Nordeste e baixa proporção de efetivos armados em Pernambuco

Plantão Jamildo.com

por Plantão Jamildo.com

Publicado em 29/10/2025, às 11h41

Foto apresentando agendes da Guarda Municipal do Recife, ao lado de viaturas da Guarda Municipal, nas cores azuis
Recife é a única capital do país que não tem uma guarda armada - Foto: Andréa Rêgo Barros / PCR

Brasil tem 1.238 guardas municipais, com maior concentração no Nordeste.

Estudo mostra ampliação de atuação em proteção, patrulhamento e apoio social.

Governo federal prevê R$ 170 milhões para fortalecimento das corporações.

Pernambuco aparece entre os estados com menor percentual de efetivo armado.

Apenas 6,38% das Guardas Municipais em Pernambuco utilizam armamento de fogo, índice inferior à média nacional (41,15%), ficando à frente apenas de Rondônia (0%) e Rio de Janeiro (2,33%). O estado tem 89 corporações em funcionamento, o que representa 48,11% dos municípios, mas somente 47 participaram da pesquisa.

Entre os municípios com guarda estruturada estão Recife, Olinda e Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana; Vitória de Santo Antão, Carpina e Escada, na Zona da Mata; Caruaru, Santa Cruz do Capibaribe e Garanhuns, no Agreste; além de Serra Talhada, Triunfo e Tabira, no Sertão. 

Nacionalmente, o Nordeste reúne 653 corporações, o maior número absoluto, enquanto Sul (79,37%) e Centro-Oeste (70,37%) apresentam os maiores percentuais de guardas armadas em relação ao total de unidades existentes.

Guardas municipais do Recife recebem armas ao fim do 1º semestre de 2026

Pelo menos 250 guardas municipais do Recife passarão a atuar armados a partir de 2026. A regulamentação, sancionada pela prefeitura, prevê que a formação dos agentes seja concluída até o primeiro semestre do ano. O texto estabelece ainda o uso obrigatório de câmeras corporais (bodycams) por todo o efetivo autorizado a portar armamento.

O Decreto nº 39.173 foi publicado no Diário Oficial do Município no último sábado (25). De acordo com o regulamento, o armamento será permitido apenas durante o serviço, e tanto as armas quanto os dispositivos de gravação serão controlados pela armaria do Comando da Guarda.

Os guardas deverão retirar a arma no início do turno e devolvê-la ao término da jornada. A autorização será concedida exclusivamente aos servidores que concluírem o curso de formação e treinamento técnico previstos no decreto. A prefeitura ainda não definiu a data de início da capacitação do primeiro grupo.

A implementação do armamento integra promessa feita por João Campos (PSB) durante a campanha municipal de 2024, quando o prefeito afirmou que a autorização seria condicionada a um processo de treinamento com duração mínima de seis meses.

Principais pontos do regulamento:

  • O porte funcional será solicitado pelo município à Polícia Federal;
  • As armas e munições só poderão ser utilizadas durante o serviço;
  • O agente deverá estar uniformizado para portar a arma, salvo em atividades previamente autorizadas sem uniforme;
  • A liberação exige assinatura de termo de cautela;
  • O guarda precisará comprovar aprovação no curso específico e realizar, anualmente, o Estágio de Qualificação Profissional (EQP);
  • A cada três anos será exigida avaliação psicológica;
  • Em caso de disparo contra terceiros, o guarda será submetido a novo exame psicológico em até seis meses.

Brasil tem guardas municipais em 22% das cidades

O Brasil possui atualmente 1.238 Guardas Municipais em funcionamento, o equivalente a 22% dos municípios do país. Os números constam no Diagnóstico Nacional das Guardas Civis Municipais, elaborado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública em cooperação com a Universidade Federal de Viçosa (UFV) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

Segundo o levantamento, as corporações estão presentes em todas as regiões brasileiras, com maior concentração no Nordeste (53%). Em seguida aparecem Sudeste (30%), Sul (7%), Norte (7%) e Centro-Oeste (3%). A pesquisa ouviu mais da metade das guardas municipais existentes no país.

O estudo indica que a categoria tem ampliado capilaridade e atuação, mesmo diante de limitações estruturais e da ausência de políticas contínuas voltadas à sua profissionalização. O diagnóstico mostra que mais de 80% das guardas exercem atividades de proteção ao patrimônio público, segurança de eventos e suporte a órgãos de defesa social.

A participação feminina chegou a 19,9% do efetivo. As corporações também atuam em frentes especializadas: 37,6% mantêm patrulhamento escolar, 29,5% operam a Patrulha Maria da Penha e 24,3% dispõem de ROMUs (Rondas Ostensivas Municipais Urbanas).

No plano federal, o Ministério da Justiça anunciou o Programa Município Mais Seguro, com previsão de R$ 170 milhões para ações de estruturação e capacitação das guardas municipais. A iniciativa ocorre em meio ao reconhecimento, pelo Supremo Tribunal Federal, da legitimidade dessas corporações para o policiamento ostensivo e a realização de prisões em flagrante, decisão levada ao texto da PEC da Segurança após determinação do ministro Ricardo Lewandowski.