Amupe aponta ausência de recursos para municípios na PEC da Segurança Pública

Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe) aponta desequilíbrio na PEC da Segurança Pública por ampliar deveres municipais sem garantir verbas

Ana Luiza Melo

por Ana Luiza Melo

Publicado em 17/12/2025, às 08h35 - Atualizado às 09h33

fachada da sede da amupe
fachada da sede da amupe - Foto: José Bonifácio Lira

A Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe) divulgou nota oficial manifestando preocupação com o texto da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 18/2025.

A proposta, que visa constitucionalizar o Sistema Único de Segurança Pública (SUSP) e redefinir competências federativas, é vista pela entidade como um mecanismo que amplia as atribuições dos municípios sem assegurar a contrapartida financeira necessária.

Foto apresentando agendes da Guarda Municipal do Recife, ao lado de viaturas da Guarda Municipal, nas cores azuis
Guarda municipal da cidade do Recife. - Foto: Andréa Rêgo Barros / PCR

De acordo com a Amupe, a PEC reconhece a segurança pública como responsabilidade compartilhada e amplia formalmente as funções das prefeituras em áreas como prevenção da violência, ordenamento urbano e atuação das guardas municipais.

No entanto, o presidente da entidade, Marcelo Gouveia, alerta que o texto atual não prevê o repasse direto de recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP) e do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen) aos municípios, concentrando o financiamento na União e nos Estados.

O que propõe a PEC 18/2025?

A PEC 18/2025, de autoria do Poder Executivo Federal, altera os artigos 21, 22, 23, 24 e 144 da Constituição Federal.

O objetivo central é dar à União a competência de estabelecer diretrizes nacionais para a segurança pública e defesa social, incluindo o policiamento ostensivo rodoviário e ferroviário sob uma nova estrutura: a Polícia Federal Rodoviária.

Além de criar o Conselho Nacional de Segurança Pública e Defesa Social, a proposta oficializa o SUSP na Carta Magna, buscando uma coordenação centralizada para enfrentar o crime organizado que atravessa fronteiras estaduais.

Detalhes do parecer de Mendonça Filho

O relator da matéria na Comissão Especial, deputado Mendonça Filho (UNIÃO-PE), apresentou seu parecer no último dia 12 de dezembro.

O parlamentar votou pela admissibilidade e aprovação de um substitutivo (PEC 18-A/2025), incorporando parcialmente 15 das 21 emendas apresentadas.

Deputado federal Mendonça Filho
Deputado federal Mendonça Filho - DIVULGAÇÃO/ CAMARA DOS DEPUTADOS

O parecer de Mendonça mantém a espinha dorsal da proposta — a coordenação da União — mas introduz ajustes para preservar a autonomia dos Estados e Municípios, evitando o que o relator chamou de "intervenção indevida".

Ele defende que a União dite normas gerais, mas que a execução e a gestão das polícias e guardas permaneçam com os entes locais.

A entidade defende que o fortalecimento do SUSP só será efetivo se incluir mecanismos de financiamento que garantam a participação direta das prefeituras nos fundos nacionais.

"A proposta gera desequilíbrio federativo ao ampliar responsabilidades sem assegurar fontes de custeio adequadas", afirmou Marcelo Gouveia na nota, reforçando a necessidade de uma política de segurança pública integrada e cooperativa, mas financeiramente sustentável para as gestões locais.

Marcelo Gouveia, presidente da Amupe.
Marcelo Gouveia, presidente da Amupe.

Confira a nota oficial da Amupe:

A Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe) acompanha o debate sobre a PEC nº 18/2025, que propõe a inclusão do Sistema Único de Segurança Pública (SUSP) na Constituição e a redefinição de competências entre os entes federativos.

A proposta reconhece a segurança pública como responsabilidade compartilhada e amplia atribuições dos municípios, especialmente nas áreas de prevenção da violência, ordenamento urbano, tecnologia, governança local e atuação das guardas municipais e agentes de trânsito. Essas atividades já integram a rotina municipal e geram custos permanentes.

Entretanto, o texto não prevê a transferência direta de recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP) e do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen) aos municípios, concentrando o financiamento na União, Estados e Distrito Federal. Para a Amupe, isso gera desequilíbrio federativo ao ampliar responsabilidades sem assegurar fontes de custeio adequadas.

A entidade defende que o fortalecimento do SUSP inclua mecanismos de financiamento que garantam a participação direta dos municípios nos fundos nacionais, assegurando condições para o cumprimento das competências atribuídas e promovendo uma política de segurança pública integrada, cooperativa e sustentável.

Marcelo Gouveia
Presidente da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe)