STF determina médico 24h para monitorar saúde do ex-presidente Bolsonaro na superintendência da PF em Brasília. Pleno avalia hoje decisão de Moraes
por Jamildo Melo
Publicado em 24/11/2025, às 09h28 - Atualizado às 09h44
A jurista Jacqueline Valles avalia que a prisão preventiva de Jair Bolsonaro, decretada após a violação da tornozeleira eletrônica e risco de fuga, torna improvável seu retorno à prisão domiciliar.
Ela afirma que a decisão do STF está bem fundamentada, citando tentativa de rompimento do monitoramento, convocação de vigília e histórico de planos de fuga.
A presença de um médico 24h na PF reduz argumentos sobre fragilidade de saúde.
Para a jurista, esgotaram-se alternativas ao regime fechado.
Bolsonaro foi condenado a 27 anos, e a defesa deve recorrer, mas com poucas chances de reverter a preventiva no momento.
A violação da tornozeleira eletrônica e o risco de fuga atribuídos ao ex-presidente Jair Bolsonaro — fatores que motivaram sua prisão preventiva neste sábado (22) — tornam mais provável que ele cumpra a condenação de 27 anos em regime fechado.
A avaliação é da jurista Jacqueline Valles, mestre em Direito Penal e especialista em Criminologia, que afirma que a decisão da Polícia Federal e do Supremo Tribunal Federal (STF) tem “respaldo técnico-jurídico robusto”.
“Além da tentativa de rompimento da tornozeleira eletrônica e da convocação de uma vigília pelo senador Flávio Bolsonaro, a decisão do Supremo cita a proximidade das embaixadas e a fuga de outros políticos condenados para sustentar a decretação da prisão preventiva. O pedido está bem embasado. Isso, somado ao histórico anterior de Bolsonaro, deve dificultar a revogação da preventiva e o retorno para a prisão domiciliar”, explica Jacqueline.
A criminalista também destaca que a ordem do STF para manter um médico de plantão 24 horas na sede da Polícia Federal, onde Bolsonaro está preso, reduz o espaço para pedidos da defesa por prisão domiciliar sob argumento de fragilidade de saúde.
Segundo ela, ao assegurar condições médicas adequadas, a Corte “neutraliza” um dos principais recursos usados por defesas em casos semelhantes.
Jacqueline aponta que a decisão do STF se baseia na garantia da aplicação da lei penal e na preservação da ordem pública. O tribunal considerou que todas as alternativas anteriores — como medidas cautelares e monitoramento eletrônico — se esgotaram.
O principal elemento citado na decisão é o risco concreto de fuga, demonstrado pelo rompimento da tornozeleira na madrugada de sábado. O STF também relembrou o plano atribuído a Bolsonaro para buscar refúgio na embaixada da Argentina e mencionou casos de aliados que fugiram, como Alexandre Ramagem.
“A Polícia Federal entendeu que a convocação de uma ‘vigília’ em apoio a Bolsonaro, feita por seu filho Flávio Bolsonaro, poderia provocar tumulto nos arredores da residência do ex-presidente e criar um ambiente propício para sua fuga, frustrando a aplicação da lei penal”, afirma Jacqueline.
Bolsonaro foi condenado a 27 anos e 3 meses de prisão, em regime inicial fechado, por crimes como tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano ao patrimônio público e organização criminosa.
A sentença ainda não transitou em julgado, e a defesa deve recorrer.
Apesar disso, a jurista considera remotas as chances de Bolsonaro voltar à prisão domiciliar.
“A prisão domiciliar é uma medida excepcional, aplicada em condições restritas. No caso de Bolsonaro, os recentes acontecimentos demonstram que nem mesmo problemas de saúde justificariam uma exceção ao regime fechado. Além disso, a determinação de assistência médica 24 horas demonstra que o STF está preparado para garantir as condições adequadas de saúde durante o cumprimento da pena em regime fechado”, conclui, em informe enviado ao site Jamildo.com.