"Pistoleira está na cadeia", comemora vereadora após prisão de Zambelli

Deputada federal esteve foragida por 66 dias; Além da vereadora Liana Cirne, parlamentares também se posicionaram sobre a prisão de Zambelli

Ana Luiza Melo

por Ana Luiza Melo

Publicado em 29/07/2025, às 20h34

Deputada federal foi condenada a 10 anos e 8 meses de prisão pelo STF. Estava foragida desde maio. - Foto: Reprodução da Internet/Estadão Conteúdo
Deputada federal foi condenada a 10 anos e 8 meses de prisão pelo STF. Estava foragida desde maio. - Foto: Reprodução da Internet/Estadão Conteúdo

Na tarde desta terça-feira (29), a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) foi presa em Roma, na Itália, após ser condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos e 8 meses de reclusão, por envolvimento na invasão de sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em parceria com o hacker Walter Delgatti. A parlamentar era procurada pela Interpol desde maio e a extraditação será avaliada nos próximos dias. 

No Recife, a vereadora Liana Cirne (PT-PE), que é pré-candidata à deputada federal, logo se posicionou, comemorando a notícia. “A pistoleira está na cadeia. Carla Zambelli usou o mandato para ameaçar a democracia, intimidar adversários e espalhar mentiras. Agora responde pelos seus atos. Justiça foi feita.”, declarou. 

Zambelli possui cidadania italiana e havia deixado o Brasil após a condenação em definitivo — ou seja, sem possibilidade de novos recursos. De acordo com o site G1, as autoridades italianas têm 48 horas para decidir sobre validação da prisão e, segundo a PF, só depois definirá audiência para discutir extradição.

Liana, que também é professora de direito da UFPE e pré-candidata à deputada federal pelo Partido dos Trabalhadores, lembrou ainda que Zambelli chegou a sacar uma arma em plena rua durante o segundo turno das eleições presidenciais de 2022, "em um ato ilegal e perigoso que expôs sua postura violenta e antidemocrática", disse.

Ela não poupou o ex-presidente Jair Bolsonaro em sua declaração. "A hora de Bolsonaro também vai chegar. Ninguém está acima da lei. O Brasil quer justiça e reconstrução, não mais conivência com quem tentou destruir nossa democracia”, afirmou Liana.

Deputado italiano denunciou paradeiro

A prisão ocorreu após a denuncia do deputado italiano Angelo Bonelli. Ele informou às autoridades o endereço em que Zambelli estaria hospedada, em Roma. Em publicação no X (antigo Twitter), Bonelli disse que a polícia local foi acionada e realizou a identificação da parlamentar.

Carla Zambelli está em um apartamento em Roma. Forneci o endereço à polícia. Neste momento, a polícia está identificando Zambelli”, escreveu. 

De acordo com o governo federal, a extradição da deputada já havia sido solicitada formalmente. Agora, a Justiça italiana deve avaliar o pedido de repatriação para que ela inicie o cumprimento da pena em regime fechado no Brasil.

Relembrando os fatos

Em maio deste ano, a deputada Carla Zambelli foi condenada por unanimidade pela Primeira Turma do STF, que também determinou a perda de seu mandato parlamentar. Apesar da decisão do Supremo, a decisão sobre a perda do mandato ainda depende de análise e votação da Câmara dos Deputados.

Zambelli foi considerada responsável por contratar o hacker Walter Delgatti para forjar e inserir no sistema do CNJ um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes, com a assinatura digital falsificada do próprio magistrado. Quando deixou o país, Zambelli alegou motivos de saúde e pediu licença da Câmara em 29 de maio. Depois, solicitou mais 120 dias de afastamento para tratar de “interesse particular”.

Parlamentares comentam prisão

Em uma publicação em uma rede social, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), declarou que conversou com o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, sobre a prisão de Carla Zambelli.

"Tomei conhecimento da prisão da deputada Carla Zambelli pela imprensa. Consultei o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, que nos repassou informações preliminares. Aguardamos as manifestações oficiais do Ministério da Justiça e do governo italiano. Importante lembrar que as providências que cabem à Câmara já estão sendo adotadas, por meio da Representação que tramita na CCJC, em obediência ao Regimento e à Constituição. Não cabe à Casa deliberar sobre a prisão – apenas sobre a perda de mandato", disse Motta.

Já o líder do governo federal na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (PT-RJ), defendeu em vídeo nas redes sociais, a responsabilização de Zambelli também na Câmara dos Deputados.

"Zambelli está presa. Foragidos não podem legislar. A Câmara deve cumprir a Constituição", disse o líder do PT.

Em defesa da deputada, a bancada do Partido Liberal (PL) na Câmara dos Deputados divulgou uma nota oficial em apoio à deputada. O texto foi assinado pelo líder da legenda na Casa, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ). 

O Brasil passa a testemunhar, com perplexidade, o constrangimento diplomático e democrático de ver uma parlamentar federal buscar proteção internacional por não encontrar, em seu próprio país, as garantias mínimas do Estado de Direito”, afirmou em trecho da nota.