Possível previsão para 2026, João Campos e Raquel Lyra dividiram o palanque na quarta (28) para estar ao lado de Lula em evento
por Cynara Maíra
Publicado em 29/05/2025, às 07h21 - Atualizado às 08h21
Adversários em potencial na disputa pelo Governo de Pernambuco em 2026, a governadora Raquel Lyra (PSD) e o prefeito do Recife, João Campos (PSB), dividiram o mesmo palanque ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na quarta-feira (28), durante visita a Salgueiro, no Sertão Central do Estado.
O evento em questão marcava a assinatura da ordem de serviço para a duplicação da capacidade de bombeamento da Estação EBI-3, que integra o Eixo Norte da Transposição do Rio São Francisco.
A obra, incluída no Novo PAC, conta com investimento de R$ 491,3 milhões e pretende ampliar o volume de água bombeado de 24,75 m³/s para 49 m³/s, beneficiando mais de 8 milhões de pessoas em quatro estados do Nordeste.
A agenda institucional, no entanto, teve forte carga simbólica. Raquel Lyra e João Campos estiveram lado a lado não apenas no palco montado na Estação Ferroviária do Forró, no centro de Salgueiro, mas também durante a visita técnica à estação de bombeamento.
No discurso, a governadora falou em união: “Há muito mais coisas que nos une nesse palanque do que nos separa. Época de eleição é época de eleição. Aqui é lugar de união”, declarou, antes de cumprimentar nominalmente quase 50 prefeitos presentes ao evento, incluindo o gestor da capital.
Ao final, Raquel encerrou sua fala com um abraço em Lula, ministros e também em João Campos — um gesto interpretado como sinal de cordialidade política num cenário de tensões futuras já desenhadas.
João Campos, por sua vez, adotou uma postura cautelosa. Apesar de não discursar na cerimônia, chegou em Pernambuco no mesmo voo que Lula e a senadora Teresa Leitão (PT).
Em entrevistas e falas anteriores, reforçou a importância da obra e a ligação histórica da sua família com o projeto: “Parabéns ao presidente Lula por mais uma conquista histórica na Transposição do Rio São Francisco”, declarou, fazendo referência ao ex-governador Miguel Arraes, seu avô, e à participação dos governos do PSB no avanço da infraestrutura hídrica no Estado.
O presidente Lula, ao encerrar a solenidade, também deixou registrado seu reconhecimento aos dois líderes locais. “Obrigado, Raquel. Obrigado, João”, disse, apontando nominalmente os dois políticos. Mesmo que uma possibilidade remota, alguns nomes do PT ainda defendem algo semelhante para as eleições de 2026, criando um palanque duplo para Lula em ambas as candidaturas adversárias.
A cena política de Salgueiro remete a episódios passados da política pernambucana. Em 2006, Eduardo Campos e Humberto Costa, também adversários, chegaram a dividir palanques com Lula em agendas semelhantes, mas já em período eleitoral. Naquele ano, Eduardo saiu vitorioso para o Governo do Estado, tendo como vice João Lyra Neto, pai da atual governadora.
Em 2025, o reencontro das famílias Campos e Lyra em um mesmo evento com o presidente petista reacende especulações sobre os próximos passos da sucessão estadual. Raquel é candidata natural à reeleição e mantém relação institucional com o governo federal, apesar de liderar um partido com quadros nacionais que almejam a presidência da República. Já João Campos, que neste fim de semana assume a presidência nacional do PSB, tenta ampliar sua projeção estadual e nacional, já alinhado à campanha de reeleição de Lula, que tem um socialista em sua vice atual.