João Campos e Raquel Lyra devem compartilhar palanque ao lado de Lula em visita a Pernambuco

João Campos acompanhará Lula e Raquel Lyra durante visita do presidente a Pernambuco. Luiz Inácio é cobiçado por ambos os adversários

Cynara Maíra

por Cynara Maíra

Publicado em 01/12/2025, às 09h15

Lula e políticos sorriem em frente ao canal de transposição
Última visita de Lula em que João Campos e Raquel Lyra estiveram no mesmo espaço - Ricardo Stuckert/PR

Lula (PT) visita Pernambuco nesta terça-feira (2) para agendas na Refinaria Abreu e Lima e na Barragem de Panelas II.

Raquel Lyra (PSD) e João Campos (PSB) estarão juntos no palanque, antecipando o cenário de disputa de 2026.

A governadora busca reaproximação com o Governo Federal após ausência na visita anterior; a agenda foi articulada com Rui Costa.

Aliados de Raquel, como o prefeito Rodrigo Pinheiro, acenam ao PT com apoio à reeleição do senador Humberto Costa.

Marília Arraes reagiu com propaganda partidária criticando a gestão estadual e defendendo palanque único de Lula com o PSB.

A visita do presidente Lula (PT) a Pernambuco, nesta terça-feira (2), reunirá em um mesmo palanque a governadora Raquel Lyra (PSD) e o prefeito do Recife, João Campos (PSB).

Possíveis adversários na eleição de 2026, Raquel e João devem acompanhar Lula nas agendas de entrega da Barragem de Panelas II, em Cupira, e do anúncio da retomada das obras da Refinaria Abreu e Lima, em Ipojuca.

A agenda dupla ocorre em um momento de movimentação nos bastidores, principalmente por parte da base de Raquel. Apesar de João Campos ser aliado de primeira hora do petista, a gestora estadual tenta se aproximar dos petista. 

Em sua última passagem pelo estado, em agosto, Lula não foi recepcionado por Raquel, que cumpria agenda no Sertão e enviou a vice-governadora Priscila Krause. Na época, João Campos alfinetou a governadora e falou que seguiria o presidente em todas as suas visitas ao estado

Desta vez, a própria governadora teria articulado a data em reunião com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, na última semana em Brasília.

Obras e disputa por paternidade

O roteiro prevê dois atos principais. Pela manhã, em Ipojuca, Lula anuncia a retomada do Trem 2 da Refinaria Abreu e Lima, no Complexo de Suape. O projeto, parado há 10 anos, tem investimento estimado em R$ 8 bilhões e visa dobrar a capacidade de processamento de petróleo.

À tarde, a comitiva segue para o Agreste. Em Cupira, ocorre a inauguração da Barragem de Panelas II e o anúncio da retomada da Barragem de Igarapeba.

Embora a gestão estadual reivindique a conclusão da barragem após uma década de paralisação, a obra teve início em gestões do PSB e contou com recursos majoritários do Governo Federal.

Além de acompanhar a agenda de Lula, a presença de João Campos nos dois eventos poderia ser uma forma de marcar a participação do PSB no desenvolvimento das obras com recursos federais, de forma a evitar que Raquel capitalize sozinha as entregas. 

A tese dos "dois palanques" e a reação de Marília

A visita de Lula ocorre em meio a gestos da base próxima à governadora para tentar estreitar laços com o diretório estadual do PT.

Alguns nomes do PT consideram que o cenário ideal seria um palanque duplo, no qual João Campos e Raquel Lyra fizessem campanha para Lula em 2026.

Na semana passada, o deputado estadual Doriel Barros (PT) defendeu publicamente a estratégia em fala na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). 

Também na última semana, o prefeito de Caruaru, Rodrigo Pinheiro (PSD), declarou apoio à reeleição do senador Humberto Costa (PT), junto a um acordo de dobradinha entre Rosa Amorim (PT) e o secretário de Caruaru Anderson Luiz.

Logo após, a ex-deputada Marília Arraes (Solidariedade) lançou no fim de semana uma inserção partidária para combater essa articulação.

No vídeo, Marília utiliza metáforas de futebol para afirmar que "o jogo está travado" em Pernambuco e cola sua imagem ao presidente Lula e João Campos, defendendo um "time único" para o presidente no estado.