Grupo suspeito de desviar recursos de emendas em Ipojuca é alvo de operação do MP e Polícias

Operação do MP cumpriu mandados de prisão e busca e apreensão contra suposta organização criminosa que fraudava emendas parlamentares em Ipojuca

Cynara Maíra

por Cynara Maíra

Publicado em 19/11/2025, às 07h20 - Atualizado às 07h39

Um homem e uma mulher em pé de costas. Farda do homem está escrito "Gaeco polícia", da mulher está escrito "Gaeco MPPE". Ao fundo viatura da polícia militar. Está escuro
Operação do MPPE junto com polícias militar e civil investiga desvio de emendas parlamentares - Gaeco/MPPE

O Gaeco/MPPE e a Polícia Civil deflagraram a Operação Alvitre II em Ipojuca nesta quarta (19), cumprindo 3 mandados de prisão e 19 de busca.

A ação investiga desvios em emendas parlamentares via o instituto IGPN, que recebeu R$ 25 milhões em 2025 sem prestar os serviços contratados.

Na terça (18), foram presos o presidente da Câmara, Flávio do Cartório (PSD), e o vice, Professor Eduardo (PSD), com alta quantia em dinheiro.

O esquema envolveu nove vereadores e repasses para instituições de fachada ou sem estrutura, como a faculdade Inesp.

A Prefeitura de Ipojuca diz que os desvios são da gestão anterior; o PSD afirmou que acompanhará as investigações.

O Ministério Público de Pernambuco (Gaeco/MPPE) e a Polícia Civil deflagraram, na manhã desta quarta-feira (19), a segunda etapa da Operação Alvitre, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa dedicada ao desvio de recursos públicos em Ipojuca, na Região Metropolitana do Recife.

A ação cumpriu 3 mandados de prisão e 19 mandados de busca e apreensão, além de ordens judiciais de bloqueio de ativos financeiros e suspensão do exercício de função pública.

A operação investiga fraudes na entrega de emendas parlamentares impositivas. Segundo o MPPE, o grupo criminoso agia por meio de empresas que movimentavam irregularmente recursos destinados a cursos e projetos nas áreas de educação e saúde, que não ocorriam ou eram superfaturados.

Na terça-feira (18), véspera da operação, a Polícia Civil prendeu o presidente da Câmara de Ipojuca, Flávio do Cartório (PSD), e o vice-presidente, Professor Eduardo (PSD), em um supermercado em Boa Viagem, no Recife, com uma alta quantia em dinheiro. Flávio do Cartório já tinha um mandado de prisão em aberto e estava sendo monitorado pela operação. 

Esquema milionário e vereadores envolvidos

As investigações, iniciadas em outubro de 2024, apontam que o esquema utilizava o Instituto de Gestão, Pesquisa e Negócios (IGPN) como principal beneficiário das emendas. Os valores recebidos pelo instituto saltaram de R$ 2,28 milhões em 2022 para R$ 25 milhões em 2025.

O caso indica que nove vereadores teriam destinado emendas para o IGPN, autorizando pagamentos de mais de R$ 6 milhões em menos de um ano, sem que os serviços fossem executados.

O instituto não teria estrutura para realizar os cursos e repassava as atividades para outras instituições, como a Rede Vhida e a faculdade Inesp, cujo gestor, Gilberto Claudino da Silva Júnior, foi preso após se apresentar à polícia.

O delegado Ney Luiz detalhou o modus operandi: “Nas diligências, verificamos que os cursos pagos pela prefeitura não eram realizados. Quando aconteciam, eram superfaturados”.

A Prefeitura de Ipojuca afirmou em nota que as irregularidades ocorreram na gestão anterior, da ex-prefeita Célia Sales (PTB), e que a atual administração está reforçando a transparência.

O Gaeco e a Polícia Civil detalharão a operação em coletiva de imprensa às 11h desta quarta-feira.