Operação Domicílio Fantasma do MPPE investiga vereadores eleitos e candidatos por transferir mais de 700 eleitores de outras cidades para Riacho das Almas
por Cynara Maíra
Publicado em 06/11/2025, às 09h03 - Atualizado às 09h37
O Gaeco/MPPE deflagrou a Operação Domicílio Fantasma em Riacho das Almas e Caruaru nesta quinta-feira (06).
A ação investiga vereadores eleitos, suplentes e candidatos por "inflar" o eleitorado de Riacho das Almas para as eleições de 2024.
O grupo é suspeito de transferir mais de 700 eleitores de Caruaru e região, usando comprovantes de residência falsificados no sistema "Título Net".
Os investigados podem pegar mais de 27 anos de prisão por crimes como organização criminosa, corrupção eleitoral e falsificação.
A polícia apreendeu dinheiro em espécie, documentos e dispositivos eletrônicos nos endereços dos alvos.
O Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado do Ministério Público de Pernambuco (Gaeco/MPPE) realiza, nesta quinta-feira (06), a Operação Domicílio Fantasma.
A ação ocorre em conjunto com a Promotoria de Justiça Eleitoral da 41ª Zona Eleitoral e as Polícias Civil e Militar.
O grupo cumpre 16 mandados de busca e apreensão contra suspeitos de "inflar" o eleitorado do município de Riacho das Almas, no Agreste. A operação mira um esquema para fraudar as eleições de 2024 na cidade.
Os alvos incluem vereadores eleitos, suplentes de vereadores e candidatos a cargos eletivos. As buscas ocorrem em endereços de 14 indivíduos e duas pessoas jurídicas nas cidades de Riacho das Almas e Caruaru.
A investigação aponta para um esquema de corrupção de eleitores, que o grupo cooptava com ofertas em dinheiro e promessas de vantagens futuras. A organização atuava para transferir eleitores de Caruaru e cidades vizinhas para Riacho das Almas. Até o momento, as autoridades já identificaram mais de 700 eleitores cooptados.
O coordenador do Gaeco, promotor de Justiça Roberto Brayner, detalhou o modus operandi do grupo.
"Em troca da oferta em dinheiro, a organização obtinha documentos pessoais e 'selfies' dos eleitores. De posse desse material, um núcleo operacional centralizado submetia requerimentos de transferência em massa pelo sistema 'Título Net', usando comprovantes de residência falsificados para ludibriar a Justiça Eleitoral", descreveu Brayner.
Os suspeitos são investigados pelos crimes de organização criminosa, inscrição fraudulenta de eleitor, corrupção eleitoral, falsificação de documento e uso de documento falso. Somadas, as penas desses delitos podem ultrapassar os 27 anos de reclusão, além da sanção de inelegibilidade para os envolvidos.
Durante as buscas nos endereços dos alvos, o Gaeco e as Polícias encontraram dinheiro em espécie, diversos dispositivos eletrônicos e documentos. Os itens serão recolhidos e encaminhados para a sede do Gaeco Agreste, em Caruaru, para contribuir com o andamento das investigações.