Caso lançada candidata no Recife, a agora deputada federal Michele Collins ajudaria a pressionar governo por apoio para Clarissa Tércio, em Jaboatão
por Jamildo Melo
Publicado em 03/07/2024, às 16h16
Depois de se licenciar por 120 dias, sem dar chance ao seu suplente assumir o posto na Câmara do Recife, a vereadora Michele Collins foi empossada como deputada federal, nesta tarde, na Câmara dos Deputados, com a licença da deputada federal Clarissa Tércio, candidata em Jaboatão dos Guararapes.
A movimentação revela mais um capítulo da disputa entre os Tércio e os Ferreira, pelo comando da cidade de Jaboatão e a maioria dos votos dos eleitores evangélicos e conservadores. A outra novidade é um possível efeito no Recife.
Nos bastidores, sabe-se que existe a possibilidade de ela ser lançada como pré-candidata no Recife. A postulação atenderia a vários interesses. Ao tirar votos do candidato Gilson Machado, candidato do PL, a iniciativa ajudaria Daniel Coelho, candidato de Raquel Lyra, bem como atrapalharia os planos do presidente do PL, Anderson Ferreira, presidente do PL, ex-prefeito de Jaboatão e adversário histórico de Clarissa Tércio. Nas eleições passadas, ela se recusou a entrar no PL de Bolsonaro para não estar sob as asas de Anderson Ferreira.
"Esse Dudu (Eduardo da Fonte) é uma águia", afirma uma fonte do blog, de olho na cena política local.
"A movimentação atrapalha Gilson e Daniel, mas se Daniel tivesse o apoio do PP teria parte dos votos evangélicos e bolsonaristas"
Da mesma forma, a postulação serviria para "incentivar" Raquel Lyra a apoiar Clarissa Tércio em Jaboatão dos Guararapes.
Não se sabe se haverá questionamento jurídico da inusitada situação criada com o afastamento da Câmara dos Vereadores, mas nos bastidores há questionamentos por parte de adversários por conta da manutenção dos cargos comissiodos e verbas mantidos no gabinete, agora supostamente acéfalo. Na representação, o Recife fica com 38 e não 39 vereadores.
Como o plano dos Collins é eleger o rebento mais novo, Alef Collins, esta máquina pode moer em favor dele.
O suplente Maguary, ex-vereador, não se pronuncou ainda e é possivel que não ofaça, uma vez que disputa uma cadeira pelo mesmo PP. Caso a licença de Collins fosse por 121 dias, Maguary assumiria automaticamente.
A licença foi aprovada pelo presidente da Câmara Municipal, Romero Jatobá e colegas da mesa.
Em uma análise superficial, um advogado eleitoralista consultado pelo blog afirmou que Collins estaria obrigada a renunciar. "Como é que deixa uma cadeira resrevada aqui? Dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço! É no mínimo imoral, se não é ilegal"
As leis da física podem não valer para a política, com o aval até mesmo do STF. Aliados citam como jurisprudência uma decisão que afetava a política do Rio de Janeiro.
Em 2016, em meio à briga pela liderança do PMDB, o deputado Átila Nunes (PMDB-RJ) teve que recorrer ao STF para poder tomar posse como suplente na vaga aberta pela licença do deputado Ezequiel Teixeira (PMB-RJ).
O então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), negava-se a empossá-lo, sob o argumento de que Nunes teria que abrir mão de seu mandato de vereador. O então presidente do STF, Ricardo Lewandowski, assegurou a Nunes o direito de ser empossado.
Antes da polêmica com Michele Collins, o ex-vereador Raul Jungman assumiu um mandato federal depois de se eleger vereador, mas renunciou ao posto local antes.
@blogdojamildo