Em almoço no Alvorada, o prefeito do Recife propôs ao presidente Lula a presença de nomes de centro nas chapas lideradas pela esquerda
por Plantão Jamildo.com
Publicado em 27/07/2025, às 13h13 - Atualizado às 13h14
Durante um almoço realizado no Palácio da Alvorada na quarta-feira (23), o prefeito do Recife e presidente nacional do PSB, João Campos, fez um alerta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre as articulações para a eleição de 2026. De acordo com o colunista Igor Gadelha, do portal Metrópoles, João manifestou preocupação com o risco de crescimento da extrema direita no Senado, caso a esquerda aposte exclusivamente em candidaturas de perfil progressista nas chapas majoritárias.
Segundo apurou o jornalista, o líder pessebista defendeu a presença de políticos de centro nas composições eleitorais encabeçadas pelo PT e seus aliados. Para João Campos, ao priorizar nomes apenas da esquerda, o campo governista poderá abrir espaço para vitórias da base bolsonarista no Senado.
Ele argumentou que senadores de centro costumam manter margem de negociação com o governo, ao contrário dos parlamentares alinhados à oposição radical. Ainda de acordo com Gadelha, Lula ouviu os argumentos e pediu que PT e PSB atuem de forma harmônica na formação das chapas para 2026. “Não batam cabeça”, teria solicitado o presidente, conforme relatos feitos à coluna.
O encontro no Alvorada contou com a participação do vice-presidente Geraldo Alckmin, do ministro do Empreendedorismo, Márcio França, e do deputado federal Pedro Campos (PSB-PE), atual líder da bancada do partido na Câmara dos Deputados. Pelo PT, estiveram presentes a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, e o próprio presidente Lula.
Durante a conversa, os dois partidos trataram também de cenários estaduais onde poderão caminhar juntos no próximo pleito. A composição de palanques regionais será uma das prioridades das legendas nos próximos meses.
Ao acenar para o centro, o prefeito do Recife e presidente nacional do PSB, João Campos, abre espaço em seu palanque de Senado para aliados como Miguel Coelho, ex-prefeito de Petrolina (União Brasil), e Silvio Costa Filho, ministro de Portos e Aeroportos (Republicanos). Ambos fazem parte de partidos do chamado “centrão”. Uma das vagas na chapa de João — que deve deixar o cargo de prefeito em abril para disputar o Governo de Pernambuco — já está reservada ao senador Humberto Costa (PT), como um acordo nacional entre as legendas.
Nesta configuração, Marília Arraes (Solidariedade), outra pré-candidata à Casa Alta e líder nas pesquisas de intenção de votos ao Senado, perderia espaço ao lado do primo e teria de vir candidata à deputada federal.
A reunião entre João Campos e o presidente Lula, realizada na última quarta-feira (23) no Palácio da Alvorada, ajudou ainda a conter especulações de que Lula poderia apoiar dois palanques no estado, disse uma fonte petista sob reserva, apesar da hipótese ainda ser defendida por setores da legenda.