Efeito do tarifaço de Trump atinge bolsonarismo em São Paulo

Pesquisa no estado mais prejudicado pelo tarifaço de Trump mostra efeito negativo da medida sobre os nomes do bolsonarismo em São Paulo

Jamildo Melo

por Jamildo Melo

Publicado em 26/07/2025, às 10h05 - Atualizado às 10h20

Eduardo Bolsonaro com Trump e Jair Bolsonaro - Reprodução Instagram
Eduardo Bolsonaro com Trump e Jair Bolsonaro - Reprodução Instagram

A nova pesquisa conduzida pela Futura Inteligência, em parceria com a Apex Partners, revela uma mudança significativa no cenário político do estado mais populoso do Brasil. Com foco nos eleitores paulistas, o levantamento mostra que o chamado “efeito Trump” — relacionado às ações e posturas recentes do ex-presidente norte-americano — está repercutindo negativamente na imagem dos principais nomes da família Bolsonaro: Jair, Michelle e Eduardo.

Declínio da vantagem bolsonarista

Segundo os dados do estudo, houve uma queda na intenção de voto para os candidatos ligados ao bolsonarismo em comparações diretas com o presidente Lula. 

  • Michelle Bolsonaro, que antes demonstrava competitividade, agora aparece com 46,5% contra 49,8% de Lula em um eventual segundo turno.
  • Eduardo Bolsonaro registra 43,6%, atrás dos 51,6% atribuídos a Lula.
  • O próprio Jair Bolsonaro, tradicionalmente forte entre o eleitorado paulista, figura com 47,4%, enquanto Lula alcança 49,8%.

Esse recuo é interpretado por analistas como reflexo direto da aproximação política com Donald Trump, incluindo elogios públicos e alinhamento de discursos após o anúncio de novas tarifas norte-americanas sobre exportações brasileiras — o que impacta diretamente a economia de São Paulo.

Tarifa Trump e seu impacto doméstico

Conforme os dados enviados ao site Jamildo.com, a pesquisa revela que 86,7% dos paulistas afirmam estar cientes da nova tarifa imposta por Trump. Entre os que têm conhecimento da medida, 71,4% discordam da atitude. Esse descontentamento se reflete na percepção sobre candidatos associados ao presidente norte-americano. A rejeição à postura de Jair Bolsonaro diante do episódio, vista como permissiva e alinhada com Trump, pode estar minando seu capital político na região.

Eleitores mais críticos

A queda no desempenho eleitoral dos bolsonaristas é mais acentuada entre os eleitores de maior escolaridade e renda, segmentos que costumam acompanhar mais de perto questões de política externa e seus reflexos internos.

Na capital paulista, por exemplo, a desaprovação à figura de Jair Bolsonaro subiu para 63,3%, enquanto Michelle e Eduardo enfrentam rejeições acima de 30%, superando a média estadual.

Desconstrução gradual da narrativa

Segundo os especialistas, o levantamento também aponta que os eleitores não estão apenas reagindo à política internacional, mas à combinação de fatores que envolvem o julgamento no STF relacionado aos eventos de 8 de janeiro, investigações judiciais e o estilo confrontacional do grupo bolsonarista.

A associação com Trump — especialmente em um momento em que o presidente norte-americano enfrenta seus próprios desafios legais e diplomáticos — parece ter acentuado o desgaste.

Cenários futuros

Com a eleição presidencial prevista para 2026, os números sinalizam que o domínio bolsonarista em São Paulo pode estar enfraquecendo. Embora o núcleo duro da base permaneça fiel, há indícios de que o eleitorado moderado esteja migrando para alternativas menos polarizadoras.

Em contraste, nomes como Tarcísio de Freitas, também aliados do campo conservador, mantêm bons desempenhos, sugerindo que o estilo pode ser revisto internamente.

Para os especialistas, o "efeito Trump", longe de ser apenas uma nota de rodapé nas relações bilaterais, está moldando o futuro da política brasileira — ao menos sob a ótica dos paulistas. A pesquisa da Futura Inteligência sugere que a estratégia de internacionalizar alianças pode ter um preço alto no eleitorado mais exigente. Com a corrida presidencial se aproximando, os próximos movimentos da família Bolsonaro serão decisivos para conter ou aprofundar essa tendência.