Raquel Lyra agrega novos aliados com mudanças dentro do Governo de Pernambuco. Governadora insere novos nomes políticos na administração
por Cynara Maíra
Publicado em 21/03/2025, às 06h59
Pouco mais de um ano antes das eleições estaduais de 2026, a governadora Raquel Lyra (PSD) articulou mudanças para fortalecer sua base política e consolidar apoios estratégicos.
Após oficializar sua filiação ao PSD, a gestora tenta fortalecer e ampliar alianças políticas com mudanças no seu secretariado.
Na quinta-feira (20), o Governo de Pernambuco trocou três gestores de seu escalão. Os novos nomes, mais alinhados ao quadro político, serão empossados na próxima segunda-feira (25) pela governadora em exercício Priscila Krause (PSDB), já que Raquel Lyra está de licença no Canadá.
Uma das mudanças mais relevantes ocorre na Secretaria de Turismo e Lazer, que será comandada pelo deputado estadual Kaio Maniçoba (PP). Maniçoba será o primeiro deputado estadual em atividade a assumir um cargo de Primeiro Escalão no Governo Raquel.
Esse marco já representa uma mudança na gestão da governadora, que foi criticada no começo de sua administração por focar em quadros mais técnicos.
A ida do deputado para o Executivo pode estar vinculada com uma tentativa de maior consolidação da aliança com o Progressistas (PP). Partido com a maior bancada na base governista na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), a legenda tem flertado com se tornar independente.
Com a possibilidade de Federação com o União Brasil, o PP se torna um elemento ainda mais importante dentro da base de Raquel.
A partir da ida de Maniçoba para o Executivo, sua vaga na Alepe será ocupada por Roberta Arraes (PP), primeira suplente da legenda. No ano passado, a deputada já havia assumido temporariamente o mandato no lugar do Pastor Cleiton Collins (PP), afastado por questões de saúde.
Atualmente, a Secretaria de Turismo é comandada por Paulo Nery, uma indicação do deputado federal Eduardo da Fonte (PP). Essa é a terceira mudança na pasta desde o início do governo Raquel Lyra, que inicialmente nomeou o ex-deputado federal Daniel Coelho (PSD) para o cargo.
Outro partido contemplado é o Avante, que passa a integrar a base governista após ocupar espaços na gestão municipal do prefeito João Campos (PSB). A sigla assumirá o comando da Secretaria de Desenvolvimento Profissional e Empreendedorismo, com o ex-prefeito de Custódia, Emanuel Fernandes de Freitas. A pasta era chefiada por Amanda Aires.
Além disso, o Avante deve indicar o novo administrador do Arquipélago de Fernando de Noronha. O governo retirou a indicação do biólogo Walber Santana para o cargo e abriu espaço para o partido, presidido em Pernambuco pelos irmãos Waldemar e Sebastião Oliveira.
Essa mudança do Avante para o lado de Raquel poderá afetar a disputa pela Prefeitura de Goiana. Em um pleito entre Eduardo Batista (Avante) e Marcílio Régio (PP), a governadora poderá se aproximar de Batista, já que Marcílio conseguiu o apoio do PSB de João Campos.
Mesmo que o nome do PP seja o sucessor escolhido por Eduardo Honório (União Brasil), aliado da governadora, Raquel poderá mudar de lado para migrar para um político que esteja completamente alinhado ao seu projeto para 2026.
Já integrante da base governista, o Podemos também será contemplado com mudanças na estrutura do governo estadual. A sigla indicou Miguel Duque, ex-candidato a prefeito de Serra Talhada, para a presidência do Instituto de Pesquisas Agronômicas (IPA). Ele é filho do deputado estadual Luciano Duque (Solidariedade), outro aliado de Raquel Lyra.
As mudanças mais recentes marcam uma estratégia já adotada pelo governo desde o início do ano. Em janeiro, a governadora nomeou ex-prefeitos para cargos comissionados, especialmente na Secretaria da Casa Civil, com foco em fortalecer alianças com políticos do interior.
Além desse ponto, a própria mudança para o PSD e a aproximação com legendas da base de João Campos, como PT e União Brasil, já demonstra as movimentações da governadora.