Diário de Pernambuco comemora 200 anos com homenagens, festa e show de Lenine, nesta segunda

O jornal Diário de Pernambuco completa 200 anos em 2025, consolidando-se como o jornal em circulação contínua mais antigo da América Latina.

O evento comemorativo será realizado no histórico Teatro Santa Isabel, a partir das 19 horas. Com um coquetel nos jardins do teatro, estão programadas homenagens e uma participação especial de Lenine.

No encontro fraternal desta segunda, com apenas quatro autoridades públicas na seleta lista de homenageados, acertadamente, a diretoria do grupo deu prioridade à sociedade e personagens históricos de Pernambuco e do Brasil.

Um exemplo é uma homenagem a memória do estudante universitário Demócrito de Souza Filho, que morreu há oitenta anos na sacada do jornal em um ato em defesa da democracia.

No dia 3 de março de 1945, durante uma manifestação na Praça da Independência, no Recife, em frente ao prédio do Diário de Pernambuco, o estudante universitário participava de um comício que tinha como orador o intelectual Gilberto Freyre.

Durante esse comício, forças policiais, da repressão política do período do Estado Novo, dispararam em várias direções. Uma bala atingiu Demócrito, que estava na sacada do prédio do DP, aguardando o discurso.

Ele foi socorrido e levado ao antigo Hospital de Pronto Socorro do Recife, mas morreu às 20h50 daquele dia.

A morte de Demócrito se tornou um símbolo da resistência estudantil e da luta pela redemocratização no Brasil.

Como empresa de mídia, o grupo fez questão de homenagear a memória dos ex-diretores Joezil Barros e Gladstone Vieira Belo.  Da imprensa local, serão homenageados os empresários Eduardo Monteiro (Folha de Pernambuco) e João Carlos Paes Mendonça (JC).

Sessão solene na Câmara dos Deputados

O deputado federal Augusto Coutinho informou ao site Jamildo.com que, no dia 11 de novembro, por proposição dele, a Câmara dos Deputados irá promover uma sessão solene para marcar a data especial.

Fundado em 7 de novembro de 1825, no Recife, o periódico atravessou impérios, repúblicas, ditaduras e revoluções tecnológicas, acompanhando — e registrando — a formação política, social e cultural do Brasil.

Ao longo de dois séculos, o Diário testemunhou transformações profundas: da abolição da escravidão ao advento da internet, da tipografia artesanal às plataformas digitais.

Mais do que noticiar os fatos, tornou-se parte da memória viva de Pernambuco, sendo fonte histórica e referência de credibilidade para gerações de leitores.

O bicentenário chega em um momento de reinvenção da imprensa, em todo o mundo.

O Diário de Pernambuco busca dialogar com novos públicos e linguagens, sem abrir mão do compromisso com a informação de qualidade e com o jornalismo responsável — valores que sustentaram sua longevidade e relevância.

Na avaliação dos organizadores, celebrar 200 anos de jornalismo é também refletir sobre o papel da mídia no fortalecimento da democracia e da cidadania.

"Vamos brindar à memória e ao futuro deste patrimônio da informação e da transformação", informa a diretoria em nota ao site Jamildo.com. "O Diário segue sendo, ao mesmo tempo, guardião da história e protagonista do presente, testemunhando que a notícia — quando feita com rigor e ética — continua essencial para compreender o país", afirma Diogo Vital, presidente dos Diários Associados.

Lançamento de um livro e cápsula do tempo

No dia 7 de novembro, haverá a abertura de uma cápsula do tempo, no Instituto Histórico e Geográfico de Pernambuco.

No mesmo dia, na Livraria Jaqueira do Recife Antigo, às 17 horas, está programado o lançamento do livro “Diario de Pernambuco - 200 anos”, uma obra que reúne memória, jornalismo e cultura em uma homenagem à trajetória do jornal mais antigo em circulação da América Latina.

Os eventos contam com a curadoria e organização da empresária Tatiana Marques.

Linha do Tempo – 200 anos do DP

1825 – Fundação

Em 7 de novembro de 1825, é lançado o primeiro exemplar do Diário de Pernambuco, impresso na tipografia de Urbano Sabino Pessoa de Melo. Nasce com o propósito de divulgar atos oficiais e notícias do Império, tornando-se o jornal mais antigo em circulação contínua da América Latina.

1831 – O jornal ganha voz política

Durante o conturbado período regencial, o Diário amplia seu papel político e passa a publicar debates e artigos de opinião, tornando-se um espaço de circulação de ideias liberais e republicanas.

1888 – A Abolição da Escravidão

O periódico cobre intensamente o movimento abolicionista em Pernambuco, publicando textos e manifestos de intelectuais e políticos locais. Suas páginas registram o impacto da assinatura da Lei Áurea no Nordeste.

1889 – A Proclamação da República

O Diário noticia a queda da monarquia e a instalação do novo regime, adaptando-se à transição política e consolidando-se como um veículo de referência no novo cenário republicano.

1910–1930 – A era moderna da imprensa

O jornal passa por modernização gráfica e editorial, adota novas seções (como cultura, esportes e sociedade) e se consolida como leitura obrigatória das elites urbanas do Recife.

1960–1980 – Desafios da ditadura e renovação

Durante o regime militar, o Diário de Pernambuco enfrenta censura e pressões políticas, mas mantém a linha editorial voltada à defesa de valores democráticos. Nos anos 1980, inicia sua transição para a era digital com investimentos em tecnologia e novos formatos.

2001 – Presença digital

O Diário lança seu portal de notícias na internet, um dos primeiros de um jornal regional brasileiro, ampliando seu alcance e atualizando sua identidade visual.

2010–2020 – Transformação multimídia

Com o avanço das redes sociais, o jornal passa a atuar em múltiplas plataformas, incorporando vídeos, podcasts e colunas digitais, buscando diálogo com novas gerações de leitores.

2025 – Bicentenário

O Diário de Pernambuco celebra 200 anos de história, reafirmando seu papel como símbolo da imprensa brasileira e referência na cobertura jornalística do Nordeste. O bicentenário marca uma fase de reposicionamento editorial, voltada à inovação e à preservação de seu legado histórico.