Obra de Lia de Itamaracá é reconhecida na Câmara dos Deputados como Manifestação da Cultura Brasileira

A deputada federal Maria Arraes (Solidariedade) apresentou um projeto de lei que reconhece a obra artístico-cultural de Lia de Itamaracá como manifestação da cultura brasileira. A proposta, que obteve Parecer nas Comissões de Cultura e de Constituição e Justiça e Cidadania e segue para apreciação no Senado, visa garantir que o governo federal colabore com a gestão, preservação e difusão do trabalho da artista, considerada patrimônio vivo de Pernambuco.

“Esse projeto é uma forma de mantermos vivo o legado de Lia, da ciranda e da força cultural que temos em Pernambuco. É preciso que gerações futuras conheçam sua história de luta e de resistência através de sua arte”, declarou a parlamentar.

No texto do projeto, Maria Arraes destaca a importância de Lia para a cultura nacional e aponta que, apesar do reconhecimento internacional tardio, a artista seguiu promovendo a ciranda em apresentações e cursos gratuitos no Centro Cultural Estrela de Lia, fundado por ela em 2005. Hoje, o espaço funciona de maneira parcial por conta de limitações financeiras

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"A Rainha da Ciranda é a representação viva dessa arte e deve, portanto, receber todo o apoio e reconhecimento pelo governo federal para preservação e disseminação da ciranda", diz a deputada federal no relatório.

Quem é Lia de Itamaracá

Nascida Maria Madalena Correia do Nascimento, Lia é cirandeira, cantora e compositora. A artista, de 81 anos, iniciou sua trajetória musical ainda na infância, participando de festas religiosas na Ilha de Itamaracá, em Pernambuco. A partir dos anos 1970, a ciranda ganhou projeção nacional com a voz e a presença de Lia, que mais tarde seria reconhecida como Rainha da Ciranda.

A proposta ressalta que a ciranda foi declarada patrimônio cultural do Brasil em 2021 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), e que o trabalho de Lia é parte central dessa manifestação cultural. A deputada também argumenta que o reconhecimento legal facilitará o apoio público necessário para preservar e expandir o alcance da ciranda no país.

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Em entrevista ao jornal Brasil de Fato, citada no projeto, a própria Lia resume sua visão sobre a arte que carrega consigo há décadas:

“A ciranda é muito bom, a ciranda é uma confraternização, é onde todo mundo dá-se as mãos, na maior satisfação, alegria. A ciranda não tem preconceito, dança branco, preto, criança, velhos. Caiu na roda, dança! Lia morre, mas fica a nota no mundo, o trabalho que Lia fez no mundo, já ficou.”