Concurso de professores: secretário diz que fez 'novo acordo' com TCE e aprovados criticam

Comentando o polêmico concurso de professores, o secretário estadual de Educação disse que vai adiar nomeações para 'não prejudicar o ano letivo'

Jamildo Melo

por Jamildo Melo

Publicado em 28/09/2024, às 15h26

Alexandre Schneider, novo secretário de Educação de Pernambuco - Divulgação
Alexandre Schneider, novo secretário de Educação de Pernambuco - Divulgação

Um vídeo do secretário estadual de Educação de Pernambuco, Alexandre Schneider, intitulado "um aviso aos nossos professores concursados e contratados", está deixando os aprovados no concurso de 2022 preocupados.

O vídeo no Instagram foi publicado em nesta sexta-feira (28). O secretário disse, no início do vídeo, que era "uma pequena informação".

"Quando nós chegamos em janeiro de 2023, a rede tinha 21 mil profissionais concursados e 23 mil profissionais contratados, ou seja, mais contratados do que concursados. Havia sido feito um concurso, depois de 15 anos sem concurso na educação, cujo resultado saiu duas semanas antes da governadora Raquel Lyra assumir e a gente começou a chamar os profissionais, na data de hoje, são 26 mil profissionais concursados e 17 mil contratados, um sinal claro da busca pela estabilidade da nossa rede, do respeito à legislação", falou Alexandre, no Instagram.

O secretário disse ter feito um "novo acordo" com o TCE, de postergar nomeações de aprovados, segundo disse para "não prejudiciar o ano letivo".

"Eu entendo que não seria razoável, do ponto de vista pedagógico, a gente tirar os professores da sala de aula no meio do ano letivo, no meio do segundo semestre do ano letivo. Seria ruim para as crianças, para os adolescentes, seria ruim também para aqueles que iriam assumir essas salas", disse Alexandre.

O secretário de Raquel Lyra também disse no vídeo que tirar os temporários agora seria "um desrespeito com esses profissionais".

"Por isso, nesse novo acordo, nós teremos a chamada no fim do ano, para que os nossos professores contratados terminem o ano letivo com as suas salas, para que os nossos estudantes terminem o ano letivo com os professores que começaram nas suas salas", complementou o secretário.

CONTEÚDO DO NOVO ACORDO

O site Jamildo.com apurou que o "novo acordo" que o secretário fala, na verdade, é uma decisão monocrática do conselheiro Ranilson Ramos, adiando as nomeações dos temporários. O Blog já tinha noticiado a decisão, em primeira mão, em 18 de setembro. É esta decisão que é o "novo acordo", citado pelo secretário.

O secretário estadual de Educação, Alexandre Schneider, fez um pedido ao conselheiro Ranilson Ramos para renovar alguns contratos temporários e foi atendido.

O Governo do Estado alegou a necessidade de "garantir a continuidade da prestação do serviço educacional".

Segundo as informações disponíveis, Ranilson Ramos autorizou a renovação dos contratos contidos no Ofício 2728/2024-GAB/SEE-PE, da Secretaria. Todavia, impôs uma condição.

"No entanto, essa autorização fica condicionada à nomeação, até o dia 30 de novembro de 2024, dos concursados preteridos do certame público promovido pela Secretaria de Educação", já afirmou Ranilson Ramos.

APROVADOS CRITICAM VÍDEO

A professora Ana Paulo Marcelino, primeira a protocolar a medida cautelar que resultou na nomeação dos professores, mandou mensagem ao secretário.

"Secretário, o senhor poderia emitir uma nota oficial acerca desse novo acordo com o TCE que o senhor anunciou ontem? Isso foi acordado nos autos da auditoria de acompanhamento? Agradeço se puder responder", pediu a autora do pedido cautelar inicial.

Outro professor disse que faltou respeito do secretário e que ficou com o psicológico abalado.

"Secretário, com todo respeito, o senhor deveria ser mais honesto com o CR e dizer as datas das convocações, ontem, com o seu vídeo, deixou milhares de pessoas com o psicológico abalado. O senhor fala em respeito, mas não está com respeito a gente. Apresente as datas, seja transparente com a gente", disse o professor Jonas da Silva, na rede social.

O secretário afirmar no vídeo que os temporários (que segundo o TCE estão ocupando de forma inconstitucional as vagas) merecem respeito também não agradou os professores.

"Desrespeito é com o profissional que está há 2 anos esperando ser chamado. Desrespeito é ter que lutar para poder ter seu direito adquirido. Desrespeito é não seguir o que o proprio Estado se propôs a fazer, seguir o plano de ação. Agora, esperaremos mais 3 meses para estar integralizado na rede. E quem está desempregado? Será mais uma vez desrespeitado. Porque esse papo de respeitar aluno e contrato é conversa fiada", apontou uma professora, ao comentar no Instagram do secretário.

O OUTRO LADO

Fica aberto o espaço à Secretaria Estadual e ao TCE, caso queiram acrescentar informações.

@blogdojamildo