Auditores da Fazenda reclamaram que diretoria do Sindfisco estariam promovendo manobras para se manter no poder na entidade sindical
por Plantão Jamildo.com
Publicado em 31/08/2025, às 19h12 - Atualizado às 19h39
O clima nos bastidores do SINDIFISCO-PE, o sindicato dos Auditores Fiscais e Julgadores Tributários de Pernambuco, é de total ebulição.
Segundo membros da categoria, em meio a um processo eleitoral já iniciado, a atual Diretoria Colegiada, que gozaria de uma impopularidade sem precedentes, estaria promovendo manobras jurídicas e estatutárias para anular a eleição da Junta Eleitoral e, com isso, tentar se perpetuar no poder.
O front de batalha agora se transfere para a Assembleia Geral Extraordinária (AGE) convocada para o próximo dia 2 de setembro.
Fontes do Grupo PARIDADE, que reúne a maioria dos auditores e julgadores, afirmam que a atual
diretoria, que está sub judice, podendo ser afastada a qualquer momento pela Justiça do Trabalho, tenta a
todo custo anular os atos que foram legitimamente praticados no processo eleitoral.
Segundos os relatos, em 15 de julho, dentro do prazo estatutário, o Conselho Sindical elegeu, por unanimidade, a Junta Eleitoral responsável pelas eleições. No dia 21 de julho, deu-se a instauração da Junta Eleitoral, através de Informativo, e, em 31 de julho, a Junta publicou o regimento eleitoral.
Tudo parecia seguir a normalidade democrática até que, em 18 de agosto, a Diretoria Colegiada convocou
uma reunião para o dia seguinte e, de forma relâmpago, elegeu uma nova Junta Eleitoral. A manobra, segundo críticos, foi realizada fora do prazo estatutário, o que a tornaria nula de pleno direito.
Além disso, essa reunião foi feita através de aplicativo de reunião por vídeo, com as algumas irregularidades.
"Enfim, todo tipo de dificuldade foi colocado, para evitar a participação da Categoria. E, numa reunião por vídeo, que durou apenas meia hora, decidiu-se mudar algo tão importante para o pleito eleitoral", recalamaram.
"Essa diretoria teve as contas relativas a 2024 rejeitadas, em abril deste ano, na assembleia de prestação
de contas. Isso é muito grave. Mais grave ainda, chegando a ser surreal, é a Justiça do Trabalho ter
concedido uma liminar, que já vigora há mais de 3 meses, contra a rejeição das contas, num processo em
que acatou o pedido de segredo de justiça. Uma categoria com profundos conhecimentos contábeis e
jurídicos rejeita as contas do seu Sindicato e a Justiça do Trabalho, em segredo de justiça, concede uma
liminar contra a rejeição, que se eterniza por meses? Pode isso?”, indagou Petrônio Tavares, auditor fiscal
aposentado e ex-presidente da FENAFISCO, entidade de que foi fundador, por dois mandatos.
“Agora, eles agem contra o próprio Estatuto. Primeiro, anularam uma eleição da Junta Eleitoral, que foi unânime e dentro do prazo, depois criaram uma nova junta fora da data limite estabelecida pelo Estatuto. É uma tentativa clara e desmedida de manipular o processo para se manter no poder", afirma Jorge Amaral, auditor fiscal aposentado e ex-presidente do SINDIFISCO por dois mandatos.
Em uma nota técnica que circula entre os filiados, a chapa de oposição critica a atitude da diretoria.
A análise jurídica sustenta que a eleição de nova junta em 19 de agosto, além de violar prazos, tentou anular a deliberação legítima do Conselho Sindical, algo que, segundo o próprio Estatuto do SINDIFISCO-PE, só
poderia ser revisto por uma Assembleia Geral.
A nota aponta também que uma Resolução publicada pela diretoria é nula, uma vez que tenta validar atos que, segundo a própria diretoria, seriam nulos – algo juridicamente impossível. Valendo ressaltar que essa mesma resolução, contraditoriamente, “convalida” o ato inicial de instauração do processo eleitoral, que, a valer a nulidade que alegam, também seria nulo.
Para a maioria dos auditores, essa tática da atual gestão é um reflexo do descontentamento generalizado
da categoria com dirigentes que se dirigem à maioria dos associados com desrespeito, arrogância e
etarismo. A percepção é de que a diretoria, sentindo a iminente derrota nas urnas, tenta agora virar a
mesa, para evitar o pleito justo e democrático.
A oposição aposta numa guinada da categoria, a ser dada na AGE do dia 2 de setembro, convocada para
convalidar a eleição da Junta Eleitoral de 15 de julho. A medida, segundo especialistas, encontra
respaldo legal no Princípio da Instrumentalidade das Formas (art. 277 do CPC), que valida atos
processuais que, mesmo com pequenos erros formais, atingiram seu objetivo principal – neste caso, a
eleição de uma Junta Eleitoral unânime e dentro do prazo.
"O desfecho dessa disputa será conhecido na próxima semana, quando a categoria terá a chance de, em
sua força máxima, decidir o futuro do sindicato e dar um basta, ou não, nas manobras que ameaçam a
lisura do processo eleitoral", afirmam.
A crise na entidade sindical foi revelada em maio deste ano pelo site Jamildo,com, que segue aberto ao contraditório.
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