Relatório do Ministério da Previdência Social mostra recuo em relação a 2024. Governo cita alteração na metodologia e certificação máxima de gestão
por Cynara Maíra
Publicado em 11/12/2025, às 12h40
Pernambuco (Funape) caiu da nota "B" para "C" no Indicador de Situação Previdenciária (ISP) de 2025.
Funape justifica que houve mudança na metodologia de cálculo pelo Governo Federal, o que impede comparação direta.
O Estado manteve nota "A" em gestão e regularidade, mas caiu em Suficiência Financeira e Atuária.
A gestão destaca ter atingido o Nível IV (máximo) no Pró-Gestão e acumulado R$ 900 milhões em fundo previdenciário.
Críticos apontam falta de envio de projeto de reestruturação para a Alepe e alta rotatividade de servidores como problemas de gestão.
O Governo de Pernambuco registrou um recuo na avaliação do Indicador de Situação Previdenciária (ISP-RPPS) de 2025.
O Ministério da Previdência Social divulgou o relatório completo do indicador na quinta-feira passada (04).
Na atualização do índice, a Fundação de Aposentadorias e Pensões do Estado de Pernambuco (Funape), recebeu nota final "C". O relatório de 2024 colocava nota B para Pernambuco.
O ISP avalia a qualidade da gestão, a situação financeira e a atuarial dos Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS). Na análise detalhada de 2025, o Estado manteve nota "A" nos indicadores de Regularidade, Envio de Informações e Gestão. No entanto, obteve desempenho "C" nos quesitos de Suficiência Financeira, Cobertura Previdenciária e na Classificação Atuarial.
Procurada pelo Jamildo.com, a Funape atribuiu o resultado às alterações nos critérios de avaliação implementadas pelo Governo Federal.
Segundo a instituição, o próprio relatório do Ministério destaca que, devido a mudanças na metodologia e inclusão de novos indicadores, os resultados de 2025 não são diretamente comparáveis aos de anos anteriores.
O documento técnico confirma que a nova metodologia buscou corrigir distorções e incluiu novos itens, como o "Indicador de Resultado Financeiro da Medida de Equacionamento de Déficit Atuarial".
O resultado do indicador gerou reações de servidores e opositores à gestão da governadora Raquel Lyra (PSD). Críticos apontam que a queda na nota demonstra problemas estruturais e falta de prioridade política para o setor.
Representantes dos servidores da Funape criticam a demora na avaliação de um projeto de lei de reestruturação da Fundação, que garantiria autonomia financeira ao órgão. O texto estaria na Casa Civil desde fevereiro de 2024.
Representantes da categoria também reclamam do quadro de pessoal da instituição. Segundo servidores, metade dos aprovados no concurso de 2017 não assumiu e cerca de 60% dos que ingressaram já deixaram o órgão, o que comprometeria a continuidade administrativa das atividades.
Apesar da nota "C" no índice geral, a Funape ressalta que obteve recentemente o Nível IV na certificação Pró-Gestão, a nota máxima concedida pelo Ministério da Previdência Social.
A fundação afirma que até novembro o fundo previdenciário aumentou para cerca de R$ 900 milhões, e zerou a fila de processos de aposentadoria.
A gestão estadual também aponta a digitalização de serviços e a criação da Escola de Educação Previdenciária (EducaPrev) como medidas de transparência e eficiência.
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