Justiça determinou que Sicredi, Bradesco e Santander concedessem, em 24 horas, acesso pleno às contas bancárias do sindicato ao novo presidente
por Jamildo Melo
Publicado em 19/06/2025, às 21h15 - Atualizado às 21h27
A disputa pelo controle do Sindicato dos Auditores Fiscais de Pernambuco (Sindifisco-PE) escalou para a esfera criminal.
Em um despacho duro, proferido no final da tarde desta quinta-feira (19), a juíza Roberta Vance Harrop, da 5ª Vara do Trabalho do Recife, determinou a expedição de ofício à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal para que apurem a prática de suposto crime de desobediência por parte de membros da diretoria destituída do sindicato.
A decisão representa a medida mais enérgica até agora da Justiça do Trabalho contra o grupo do ex-presidente Francelino das Chagas Valença Junior, que se recusa a cumprir uma ordem judicial anterior para deixar a administração da entidade.
A magistrada também autorizou a expedição de um mandado de busca e apreensão para que a nova diretoria, liderada por Nilo Otaviano, tenha acesso a documentos, equipamentos, senhas, cartões corporativos, cartões refeição e chaves que ainda estariam em posse do ex-presidente e alguns dos ex-diretores.
Segundo os advogados da nova gestão, a decisão acolheu os pedidos para "reforçar as medidas em razão do descumprimento da decisão".
'No mesmo despacho, a juíza negou um pedido da antiga diretoria que tentava conectar a ação a outro processo, numa manobra vista como protelatória", informaram, em nota ao site Jamildo.com.
Este novo capítulo se soma a uma sequência de vitórias judiciais da nova diretoria, que assumiu o sindicato após uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE) no dia 5 de junho.
Na quarta-feira (18), a nova gestão já havia obtido uma decisão favorável na 26ª Vara Cível da Capital. O juiz José Alberto de Barros Freitas Filho determinou que os bancos Sicredi, Bradesco e Santander concedessem, em até 24 horas, acesso pleno às contas bancárias do sindicato ao novo presidente, Nilo Otaviano, e ao diretor financeiro, José Carlos Auto de Alencar.
A decisão, que estabeleceu multa diária de R$ 2 mil em caso de descumprimento, foi crucial para garantir a operacionalidade da entidade.
Com o controle administrativo e financeiro sendo consolidado por força da Justiça, a nova diretoria do Sindifisco-PE busca agora focar na sua pauta principal.
Em informativo distribuído aos filiados (nº 103), a gestão informou que definiu as primeiras ações e lamentou a dificuldade em conseguir uma agenda com o secretário da Fazenda, Wilson de Paula, apesar de quatro solicitações de reunião.
Diante da falta de diálogo com o governo, a diretoria planeja realizar reuniões setoriais com toda a categoria para, em seguida, convocar uma nova assembleia geral na primeira quinzena de julho.
O objetivo é "nivelar o entendimento" e definir os próximos passos na luta pela recuperação de direitos da categoria.
Em outro comunicado (nº 104), a nova diretoria buscou tranquilizar a base e alfinetar os opositores, afirmando que "a pedra que estava no meio do nosso caminho foi removida". A gestão diz que agora seu foco absoluto é "restaurar a paridade e devolver à nossa Lei Orgânica as garantias e rubricas que dela foram retiradas".
A nota desdenha das manobras da antiga diretoria, referindo-se a elas como uma "música que já saiu de moda" e "narrativas para nos tirar do rumo". Em tom provocador, o texto questiona "a pedido de quem agem deliberadamente aqueles que tentam nos tirar do foco? Qual seria a moeda de troca para enfraquecer a nossa própria trincheira e retardar a apresentação do nosso pleito ao Governo?"
A mensagem final é de confiança e conclama à união, afirmando que não irá retribuir as agressões "na mesma moeda", pois isso seria "exatamente fazer o que eles querem, ou seja baixar a discussão ao rasteiro nível com que sempre adoram".