Números da Febraban mostram cautela dos bancos, que esperam inflação um pouco maior em 2025, mas ainda abaixo da meta do governo Federal
por Jamildo Melo
Publicado em 17/02/2025, às 14h23
A Pesquisa de Economia Bancária e Expectativas da Febraban é realizada a cada 45 dias, logo após a divulgação da Ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e mostra a estimativa dos bancos para o comportamento de diversas variáveis da economia ao longo deste e do próximo ano.
A pesquisa reflete a piora do cenário econômico, com expectativa de uma inflação maior, e consequentemente, juros mais altos também ao longo do ano.
Quanto à inflação, pouco menos da metade (47,6%) entende que a inflação deve ficar próxima a 5,5% (atual consenso do mercado). Entretanto, um terço dos analistas consultados já esperam uma inflação próxima (ou acima) de 6% neste ano.
Com relação à atividade, pouco mais da metade (52,4%) dos participantes seguem projetando alta do PIB em torno de 2,0% em 2025, próximo ao captado na pesquisa anterior (50,0%). No entanto, o viés é de baixa, com um aumento na parcela dos que preveem uma desaceleração maior, que passou de 27,8% na pesquisa anterior para 33,3% na atual.
Nos EUA, a grande maioria dos entrevistados (71,4%) esperam reduções modestas (1 ou 2 cortes de 0,25 pp) dos juros neste ano. O restante (28,6%) espera que os juros permaneçam no patamar atual, não descartando alta dos Fed Funds em 2025.
A pesquisa mostra que a grande maioria dos entrevistados (76,2%) esperam que a taxa Selic suba além de 14,25% aa neste ano e que não haja o início do ciclo de cortes em 2025. Como comparação, na pesquisa de dezembro passado, apenas 47,4% haviam escolhido esta opção, ilustrando visão menos positiva do cenário desde então.
Neste contexto, a expectativa para os juros voltou a se elevar ante a pesquisa anterior. Agora, a mediana para a Selic prevê alta até 15,25% ao ano em junho de 2025, permanecendo neste patamar ao menos até setembro.
A pesquisa também coletou as primeiras projeções para a expansão do crédito em 2026. A média das projeções indica que o movimento de desaceleração do crédito deve continuar, com expansão esperada de 7,7% no ano que vem.
Para a carteira de crédito direcionado, a expansão esperada atingiu 9,0%, com queda de 0,7 pp da pesquisa anterior. Essa reavaliação foi puxada pelo crédito direcionado destinado às famílias, que saiu de uma alta de 9,8% para 8,9%.
No geral, para as empresas, a projeção ficou em 7,1%, ante a uma expectativa anterior que era de crescimento de 7,8%, enquanto, para as famílias, a expansão esperada passou de um crescimento de 9,1% para 8,6%.