6x1: Câmara promove Seminário Regional no Recife para debater impactos da escala na saúde e economia

Encontro sobre escala 6x1 coordenado por Pedro Campos reúne trabalhadores e empresários; debate quer pensar nova lógica laboral com mais qualidade de vida

Cynara Maíra

por Cynara Maíra

Publicado em 01/12/2025, às 11h37 - Atualizado às 12h03

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Câmara dos Deputados traz debate sobre escala 6x1 para o Recife - Foto: Letycia Bond / Agência Brasil

Câmara dos Deputados realiza seminário no Recife nesta segunda (1º) para debater o fim da escala 6x1.

O evento é coordenado pelo deputado Pedro Campos (PSB) e ocorre na Unicap às 14h.

A discussão visa subsidiar propostas legislativas como a PEC 8/25, que prevê jornada de 36 horas e quatro dias de trabalho.

O ministro Luiz Marinho defende o fim da escala, chamando-a de "perversa", enquanto Guilherme Boulos pede regras de transição para pequenos empresários.

O debate ocorre em cenário de baixo desemprego recorde de 5,4% e aumento da renda média do trabalhador.

A Câmara dos Deputados promove no Recife, nesta segunda-feira (1º), uma edição dos seminários regionais para discutir o fim da escala 6x1 e a redução da jornada de trabalho.

O evento, coordenado pelo deputado federal Pedro Campos (PSB) em conjunto com a Subcomissão Especial da Escala de Trabalho 6x1, ocorre às 14h, no Auditório José de Anchieta da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap).

O objetivo da iniciativa é reunir trabalhadores, empregadores, pesquisadores e representantes do poder público para analisar os impactos desse modelo de jornada na saúde mental, na rotina familiar e nas relações trabalhistas

O seminário no Recife contará com a presença de lideranças como Luiz Gustavo de Pádua Walfrido (UGT/PE), Aldo Amaral de Araújo (Sintepav/PE) e representantes da FIEPE (Maurício Laranjeira) e Fecomércio (Jullyane Vasconcelos). O deputado federal Leonardo Prates (PDT/BA) e o vereador Rinaldo Júnior (PSB) também integram a mesa.

A ideia seria utilizar o encontro para subsidiar o relatório final da Subcomissão e construir alternativas legislativas para modernizar as regras atuais.

"O trabalho precisa fazer bem, preservar a saúde mental e não ser mais um motivo de adoecimento. Estou no Congresso... para acabar com a escala 6x1 e construir uma nova jornada: mais justa, mais humana, sem redução de salário", afirmou Pedro Campos.

O parlamentar lembrou que a última redução constitucional de jornada ocorreu há quase 40 anos, em 1988, quando o limite semanal caiu de 48 para 44 horas.

Tramita na Câmara a PEC 8/25, que propõe o fim da escala 6x1, a redução da jornada para 36 horas semanais e a adoção de quatro dias de trabalho por três de descanso. A proposta aguarda análise na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

Em seminário recente na Câmara, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, classificou a escala 6x1 como "perversa" e incompatível com a vida moderna, especialmente para as mulheres. "Precisamos devolver às trabalhadoras e trabalhadores o direito a pelo menos dois dias consecutivos de descanso", disse Marinho.

Já o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos, ponderou que é preciso uma transição cuidadosa para os pequenos negócios, que representam 70% dos empregos.

"Uma coisa é o pequeno empresário... Outra é grande empresa, multinacional, banqueiro que fica chorando de barriga cheia", afirmou Boulos, criticando o que chamou de "terrorismo econômico" de grandes grupos.

Contexto nacional e pressão por mudanças

O debate ganha força em um momento de aquecimento do mercado de trabalho. Dados divulgados pelo IBGE mostram que a taxa de desemprego caiu para 5,4% em outubro, o menor patamar da série histórica, com a renda média atingindo o recorde de R$ 3.528. Um momento de baixo desemprego também garante maior seletividade entre os trabalhadores sobre os locais de trabalho.