Saiba quem é Felca, youtuber que publicou vídeo sobre adultização que repercutiu tema no Brasil

Youtuber, Felca fez um vídeo em seu canal falando sobre a adultização. O tema gerou repercussão nacional e tem ganhado até projetos no Congresso

Cynara Maíra

por Cynara Maíra

Publicado em 13/08/2025, às 09h56 - Atualizado às 10h32

Felca é o youtuber que publicou vídeo sobre adultização - Reprodução Instagram
Felca é o youtuber que publicou vídeo sobre adultização - Reprodução Instagram

Desde a publicação na quarta-feira passada (06), o vídeo do youtuber Felca já se aproxima das 36 milhões de visualizações. Com a repercussão, o tema sobre adultização de crianças na internet virou alvo de discussão para além das redes sociais, chegando no dia a dia da população e até no Congresso Nacional.

A partir disso, muitas pessoas que não acompanham Felca começaram a se perguntar sobre sua trajetória e sobre o próprio tema. 

Saiba quem é o youtuber Felca

Felipe Bressanim Pereira, 27 anos, é o criador de conteúdo conhecido como Felca, dono de um canal no YouTube com mais de 5 milhões de inscritos.

Nascido em Londrina (PR) e atualmente morando em São Paulo, o influenciador se tornou conhecido por vídeos de humor e reacts. Entre seus conteúdos de maior repercussão está o vídeo em que usou a base de maquiagem da influenciadora Virgínia Fonseca, que acumulou cerca de 20 milhões de visualizações.

Felca também viralizou em 2023 ao criar um perfil no TikTok para realizar as chamadas lives de NPC, arrecadando milhares de reais com doações. Reservado em sua vida pessoal, afirmou que, após a repercussão recente de suas denúncias, passou a circular com carro blindado e segurança por medo de represálias.

O youtuber já se envolveu em embates com diferentes setores, como as casas de apostas online. Em uma ocasião, afirmou ter recusado R$ 50 milhões para divulgar uma plataforma de apostas em suas redes sociais.

Entenda vídeo sobre adultização

O vídeo de 50 minutos intitulado Adultização foi publicado faz uma semana e já ultrapassa 35 milhões de visualizações no YouTube.

Nele, Felca denuncia a exploração e a sexualização de menores nas redes sociais e questiona a monetização de conteúdos que exibem crianças em contextos com conotação sexual.

O influenciador criou um perfil fictício para demonstrar como o algoritmo do Instagram rapidamente passa a entregar conteúdos sexualizados de menores quando o usuário interage com esse tipo de material, replicando o padrão de comportamento de pedófilos.

Um dos principais alvos do vídeo foi o influenciador Hytalo Santos, que, com mais de 20 milhões de seguidores, exibia adolescentes em danças e contextos que Felca aponta como sugestivos.

Santos é investigado pelo Ministério Público da Paraíba desde 2024 e teve perfis derrubados no Instagram e TikTok após a repercussão. Ele afirma colaborar com as investigações.

A produção repercutiu amplamente. A mobilização foi registrada pela FGV Comunicação como o maior pico de engajamento sobre proteção infantojuvenil desde 2024, com 85 milhões de visualizações no YouTube e 30 milhões de interações no Instagram.

O que significa adultização

Para BBC Brasil, a advogada Luciana Temer, presidente do Instituto Liberta e professora da PUC-SP, define a adultização como o ato de impor padrões adultos a crianças, desrespeitando seu desenvolvimento regular e saudável. Isso pode se manifestar em diferentes contextos, como trabalho infantil, gravidez precoce e sexualização.

Segundo Temer, o caso ganhou força pelo alcance de Felca, mas organizações e órgãos de fiscalização já denunciavam situações semelhantes há anos. Ela destaca que a exposição de crianças na internet gera consequências graves e duradouras, pois as imagens podem permanecer disponíveis indefinidamente.

Felca conseguiu mobilizar esquerda e direita

O vídeo também impulsionou iniciativas no Congresso Nacional. O Senado recebeu pedido de instalação de uma CPI para investigar influenciadores e plataformas que expõem menores a conteúdos sexualizados, assinada por mais de 60 senadores.

Há ainda propostas legislativas, como a chamada “Lei Felca”, que prevê penas mais rigorosas e obriga a remoção rápida de conteúdos ofensivos.

No Executivo, a ministra Gleisi Hoffmann e a primeira-dama Janja Lula da Silva defenderam publicamente a regulamentação das redes para proteger crianças e adolescentes. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que o governo deve apresentar um projeto nos próximos dias.

Entre as estratégias de regulamentação, o público cita que as propostas devem incluir: 

  • Verificação real de idade
  • Proibição de monetização de vídeos com menores
  • Responsabilização das plataformas

Essas medidas já foram adotadas em países como França, Austrália e Reino Unido.