Raquel Lyra avalia antecipar R$ 1 bi para recuperar o Metrô do Recife antes da privatização

Governadora defende que Estado assuma parte dos custos imediatos, enquanto União promete até R$ 3 bi após a concessão à iniciativa privada

Plantão Jamildo.com

por Plantão Jamildo.com

Publicado em 16/09/2025, às 15h29

Governadora Raquel Lyra - Janaína Pepeu/Secom
Governadora Raquel Lyra - Janaína Pepeu/Secom

O Metrô do Recife transporta cerca de 160 mil pessoas por dia na Região Metropolitana, mas acumula anos de sucateamento, com paralisações, furtos de cabos, quebras frequentes e até incêndios em estações. Para enfrentar a crise, os governos federal e estadual apostam na privatização como alternativa para atrair investimentos. A proposta em análise prevê que a União transfira a gestão do metrô ao governo de Pernambuco, que ficará responsável por conduzir um leilão de concessão à iniciativa privada.

Segundo a modelagem do projeto, será firmada uma Parceria Público-Privada (PPP). O governo federal deve aportar aproximadamente R$ 3 bilhões via BNDS, enquanto o Estado contribuiria com pouco mais de R$ 150 milhões. Os recursos seriam aplicados em modernização e operação, por meio do pagamento de contraprestações financeiras à concessionária que assumir o serviço.

A governadora Raquel Lyra (PSD) defende que o Estado invista R$ 1 bilhão no Metrô do Recife antes da concessão à iniciativa privada, para garantir melhorias imediatas. Segundo ela, as negociações em andamento buscam viabilizar até R$ 4 bilhões em investimentos no sistema.

O governo federal colocou R$ 50 milhões, trocando dormentes e trilhos, mas a necessidade do metrô é de R$ 3 a 4 bilhões. Nem eu [governo de Pernambuco] nem o governo federal temos esse recurso hoje. Minha proposta é que o Estado antecipe até R$ 1 bilhão para melhorias imediatas, como novos vagões e reforma dos terminais, mas que a União garanta os outros R$ 2 ou 3 bilhões necessários”, disse à Rádio Jornal.

Crise do sistema

METRÔ DO RECIFE

O metrô, operado pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), enfrenta problemas frequentes como paralisações, descarrilamentos, furtos de cabos e incêndios em estações. O modal acumula décadas de sucateamento e demanda aportes para modernização.

Raquel destacou que, desde a campanha, assumiu o compromisso de “ser parte da solução” para o transporte. Ela afirmou que um desenho já está em análise, incluindo a possibilidade de subsídio estadual à operação.

Estou negociando com o ministro das Cidades, Jader Filho, com a CBTU e com o governo federal. A sinalização é positiva. O que a gente sonha é que as pessoas tenham o direito de andar no metrô de forma decente, com segurança, com escada rolante funcionando. Pernambuco não tem investimentos importantes há décadas, e eu estou lutando para mudar essa realidade”, afirmou.

Transferência e concessão

Rui Costa e Lula

O governo federal confirmou que, em breve, a gestão do metrô será transferida para o Estado de Pernambuco, que ficará responsável por conduzir o leilão de concessão à iniciativa privada. A informação foi dada pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), em 27 de agosto, no programa Bom Dia, Ministro.

Segundo ele, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) realizou estudos de demanda e de investimentos necessários. O modelo de concessão prevê a transferência de bens e imóveis da União para o Estado, além da outorga para operação e manutenção da rede. Após a mudança, a União deve aportar cerca de R$ 3 bilhões para modernização do metrô e do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT).

Rui Costa garantiu que a concessão não afetará os empregos dos trabalhadores: “Os empregados terão garantias de seus empregos”, afirmou.

Reação dos metroviários

Presidente do Sindicato dos Metroviários de Pernambuco

O processo, entretanto, enfrenta resistência do Sindicato dos Metroviários de Pernambuco (Sindmetro-PE) e da Federação Nacional dos Metroviários (Fenametro). As entidades lançaram uma campanha contra a privatização do sistema, com outdoors, painéis eletrônicos e bicicletas de som em estações.

Em nota enviada ao site Jamildo.com, os sindicatos compararam a medida ao processo de Belo Horizonte, em 2023, quando a concessão foi acompanhada de reajuste tarifário. “Em Belo Horizonte privatizaram o metrô. A tarifa que era R$ 4,25 subiu para R$ 5,80. Tarifa mais cara, serviço pior. Metrô é direito do povo, não mercadoria!”, afirmam.

As entidades também dirigiram críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e à governadora. “Se Lula insistir na privatização do metrô do Recife, estará repetindo Bolsonaro. Estará traindo a confiança do povo que o elegeu”, diz o comunicado.

A mobilização, segundo os sindicatos, será ampliada nos próximos meses, com ações em ruas, estações e redes sociais.