Sindimetro critica Lula, questiona ajuda de Raquel Lyra na privatização, chama audiência pública, promete mobilizações e até parar Metrô do Recife
por Jamildo Melo
Publicado em 24/05/2025, às 08h14 - Atualizado às 09h09
O presidente do Sindicato dos Metroviários de Pernambuco, Luiz Soares, em entrevista exclusiva ao site Jamildo.com, comentou, neste sábado, a reação que a categoria promete ter em relação ao anúncio de concessão do Metrô do Recife, para a iniciativa privada.
Soares disse que haverá greve e enfrentamento com o governo Federal, que planeja repassar a gestão para o governo do Estado, antes do leilão de concessão em si.
Nesta sexta, por meio de nota oficial, os metroviários já haviam afirmado que tinham recebido a decisão com revolta, mas não estavam surpresos.
Na quinta-feira, o site Jamildo.com informou que o Governo Lula aprovara começar a tocar oficialmente a concessão do Metrô do Recife. O tema vinha sendo estudado pelo BNDES.
Neste sábado, o sindicalista criticou a situação atual do Metrô do Recife, atribuindo a queda drástica de usuários ao sucateamento sob os governos Temer e Bolsonaro, que iniciaram o processo de privatização.
Ele também expressa decepção com a decisão recente do governo Lula, contrastando com a expectativa de recuperação pública.
Na defesa da manutenção do serviço como público, Luiz Soares argumenta que a privatização piorará o serviço para a população e prejudicará os trabalhadores, propondo a recuperação do sistema público através de investimentos e contratação de pessoal como a melhor solução.
"Os governos Temer e Bolsonaro permitiram uma redução drástica (dos investimentos) e com isso uma redução justamente do número de pessoas que frequentam esse sistema. Era em torno de 450.000 usuários e passou a ser 160.000 usuários por dia. Isso é muito ruim. Isso é fruto do sucateamento. A gente precisa melhorar essa situação.
"E por que que isso aconteceu? Isso aconteceu porque o governo Temer queria privatizar esse sistema. No governo de Bolsonaro avançou muito mais. A gente acreditava que o governo de Lula a gente ia sair do PND e recentemente recebeu uma resolução que vai conceder o Metrô do Recife ao governo do estado para que ele faça a privatização, entregue ao sistema privado aqui em Pernambuco".
"Isso é uma situação difícil para nossa categoria, porque ela não quer que isso aconteça. Nós acreditamos que recuperar o sistema é a melhor saída para atender bem a população com os funcionários que a gente tem hoje. O que tem que fazer é curso público para melhorar a condição com a força de trabalho que a gente quer recuperar para que a gente possa melhorar esse sistema e assim garantir um sistema de qualidade.
"A gente acreditou que elegendo esse governo a gente ia avançar e recuperar o sistema sem fazer a privatização. No entanto, recebe essa notícia essa semana de forma assim inesperada. A gente não acreditava nisso. A gente acreditava que ele ia retirar a CBTU do PND, garantir os recursos necessários para que a gente pudesse fazer um sistema de qualidade, atender bem a população".
"Queremos conversar com o governo do Estado para dizer à governadora que essa situação não é uma situação viável pra população".
... O transporte público, veja a situação que é privado, que é a situação do transporte rodoviário. É privado funciona muito mal, a gente paga muito caro e não resolve a situação desse sistema. Portanto, o governo do estado sabe que não funciona bem a questão do transporte rodoviário e ainda quer justamente pegar o sistema metro ferroviário, entregar a iniciativa privada, porque sabe que vai piorar a situação"
O dirigente da categoria disse que está dialogando com diferentes níveis de governo (federal, estadual, deputados, senadores) para alterar a situação atual do sistema.
Ele alertou para grandes mobilizações, incluindo a possibilidade de parar o sistema, caso a posição do governo não mude.
A categoria disse que planeja mobilizar a sociedade civil e segmentos organizados.
Uma audiência pública está agendada para 9 de novembro na Câmara de Vereadores de Recife para buscar encaminhamentos e mobilizar.
Eles afirmam que enfrentarão o governo Lula, pois "acreditam que ele foi eleito para recuperar e manter o sistema estatal, não para agir como está agindo".