Em agosto, Recife registrou R$ 60,65 por m² em aluguéis, o segundo maior do Brasil; especialista aponta impacto sobre famílias e oferta restrita
por Plantão Jamildo.com
Publicado em 20/09/2025, às 10h41
O preço do aluguel residencial no Recife segue em alta e colocou a capital pernambucana entre os mercados mais caros do Brasil. Em agosto, a cidade registrou aumento de 1,37%, o quinto maior entre as capitais, segundo o Índice FipeZAP de Locação Residencial. Com isso, o Recife passou a ocupar a segunda posição no ranking nacional, com valor médio de R$ 60,65 por metro quadrado, empatado com Belém. Apenas São Paulo apresenta preço superior, com R$ 61,69/m².
No acumulado de 2025, os aluguéis na capital pernambucana subiram 9,39%, o sétimo maior crescimento entre as capitais. Já em 12 meses, a alta chegou a 13,97%, ocupando a quinta posição no comparativo nacional.
A elevação dos preços também se reflete na rentabilidade dos investidores. O Recife aparece como a segunda capital mais atrativa do país, com retorno anualizado de 8,41% para quem compra imóvel com foco em locação. A média nacional é de 5,94%.
No cenário brasileiro, o Índice FipeZAP de agosto mostrou alta média de 0,66% no preço dos aluguéis, após três meses de desaceleração. Entre as 22 capitais monitoradas, 20 apresentaram aumento no período.
De acordo com Amadeu Mendonça, advogado especializado em Negócios Imobiliários e Planejamento Patrimonial, fatores estruturais ajudam a explicar a posição de destaque do Recife no ranking. “Além da valorização imobiliária e da dificuldade de acesso ao crédito habitacional em razão das altas taxas de juros, o adensamento populacional em áreas já saturadas da cidade", destacou.
"Somado aos desafios de mobilidade urbana, restringe a oferta de regiões atrativas para moradia. Esse cenário concentra a demanda em determinados bairros e eleva o preço médio dos contratos de locação”, completou.
O encarecimento dos aluguéis pressiona de forma mais intensa as famílias de baixa e média renda. Segundo o advogado, a moradia passou a ocupar uma parcela crescente do orçamento doméstico.
“Com a moradia representando parcela crescente do orçamento, famílias dessas faixas de renda são obrigadas a realocar recursos antes destinados a educação, saúde, transporte e consumo básico. A pressão é intensificada pelo deslocamento para bairros periféricos, onde o custo da mobilidade aumenta em função do tempo e do preço do transporte, afetando diretamente a qualidade de vida”, explicou.
O Recife também aparece como a segunda capital mais rentável para investidores imobiliários. Essa alta rentabilidade, segundo o advogado, amplia a pressão sobre os valores de locação. “Esse movimento reforça a lógica de oferta restrita em regiões valorizadas e de forte demanda, o que gera pressão inflacionária sobre os aluguéis. Para o inquilino, isso representa não apenas maior custo de acesso a áreas centrais, mas também redução de alternativas em zonas com melhor infraestrutura urbana", afirmou.
"Tivemos essa prova agora, com a divulgação do Índice FipeZAP, que põe o Recife em terceiro lugar com o maior rental yield do Brasil (8,41%), num patamar acima da média nacional (5,94%)”, avaliou.
Ainda segundo Amadeu Mendonça, é possível adotar medidas para reduzir a pressão sobre o mercado de locação no Recife. “Entre as medidas possíveis estão: estímulos à produção de novas unidades habitacionais em áreas adensadas com infraestrutura já instalada, simplificação e maior celeridade nos processos de aprovação urbanística, incentivos fiscais para projetos de habitação de médio e baixo padrão e políticas públicas de mobilidade que expandam o raio de áreas viáveis para moradia, equilibrando oferta e demanda”, concluiu.