Mais Deputados, Mais Gastos: A Inversão de Prioridades do Congresso Nacional - Artigo por Áureo Cisneiros

Áureo Cisneiros é presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol - PE)

Áureo Cisneiros | Publicado em 25/06/2025, às 17h09 - Atualizado às 17h22

Mário Agra / Câmara dos Deputados
Mário Agra / Câmara dos Deputados

Enquanto o povo brasileiro sofre com o avanço da violência, a precariedade das delegacias, a falta de efetivo policial e a ausência de políticas públicas efetivas de segurança, o Congresso Nacional caminha na contramão das prioridades do país.

Em um momento de grave crise fiscal e insegurança generalizada, parlamentares votam para aumentar o número de deputados, ampliando ainda mais os gastos públicos com a estrutura do Legislativo.

Trata-se de um verdadeiro absurdo. Um tapa na cara de quem clama por mais investimentos em segurança, saúde e educação. A proposta em discussão prevê a criação de novas cadeiras na Câmara dos Deputados, o que representa mais gabinetes, mais assessores, mais verbas de gabinete, mais carros oficiais — tudo isso em um país com recursos escassos e urgências sociais gritantes.

É um escárnio ver um Congresso que se diz conservador, defensor da austeridade e do Estado mínimo, agir como se os cofres públicos fossem uma extensão de seus interesses pessoais. Para o povo, corte de direitos. Para eles, aumento de estrutura e poder. A incoerência é tamanha que chega a beirar o cinismo.

Enquanto isso, a segurança pública segue esquecida. Policiais civis, militares e penais trabalham sem estrutura, com salários defasados e em número insuficiente. As delegacias estão caindo aos pedaços. A investigação criminal segue fragilizada, sem investimento em tecnologia, inteligência e valorização profissional. O resultado é o que vemos todos os dias: criminalidade em alta e sensação de impunidade.

Não é por falta de dinheiro. É por falta de vontade política e prioridade. Dinheiro há — mas está sendo canalizado para os interesses da classe política, em vez de ser direcionado às necessidades da população.

O povo brasileiro não aguenta mais esse modelo de representação que governa de costas para a realidade. O aumento no número de deputados não traz benefício algum ao cidadão comum. Pelo contrário, representa mais gastos, mais privilégios e menos respeito ao contribuinte.

É preciso denunciar esse retrocesso. É preciso mobilizar a sociedade contra mais esse ataque à responsabilidade fiscal e ao bom senso. O Brasil não precisa de mais deputados. O Brasil precisa de mais segurança, mais escolas, mais hospitais e mais respeito.

Se há dinheiro para aumentar o número de parlamentares, há dinheiro para fortalecer a segurança pública. O que falta é coragem para enfrentar o verdadeiro problema: um sistema político que se protege enquanto o povo padece.